Cartaz de cinema

Produtora portuguesa dá a sua versão do que se passou durante filmagens no Convento de Cristo

Publicado em 6 Jun. 2017 às 13:04, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Bastidores)

Produtora portuguesa dá a sua versão do que se passou durante filmagens no Convento de Cristo

A produtora portuguesa Ukbar Filmes negou hoje, numa declaração à imprensa, o uso "indevido ou excessivo" do Convento de Cristo, em Tomar, durante a rodagem de "O Homem Que Matou Dom Quixote", do realizador Terry Gilliam.

A Ukbar reconhece "alguns danos, que foram devidamente contabilizados, pela equipa de peritagem associada ao Convento, que tão bem conhece o espaço e fez a sua avaliação antes e depois da rodagem". De acordo com a produtora "esses danos saldaram-se em seis (convencionais e de fabrico recente) telhas partidas e quatro fragmentos pétreos de dimensões reduzidas e variáveis, de aproximadamente 8 centímetros, no máximo". Cita o mesmo perito para esclarecer que estes danos poderiam ter sido provocados por qualquer visitante e que serão aplicadas na reparação "as mesmas técnicas que se aplicam habitualmente para este tipo de construção e que o Convento utiliza ano após ano para tratar a deterioração habitual do mesmo". Dá a saber também os trabalhos de restauro estão orçamentados em 2.900 euros.

Quanto ao corte de árvores, "ocorreu durante a limpeza no final da rodagem, tendo os serviços do Convento de Tomar justificado a decisão com o facto de não se tratarem de espécimes autóctones (e que foram plantados há alguns anos para a rodagem de outro filme), que deveriam ser substituídos".

Um dos pontos mais controversos da reportagem da jornalista Soraia Ramos, para o "Sexta às Nove" referia uma fogueira com 20 metros de altura, colocada no Claustro da Hospedaria. A Ukbar Filmes afirma que, "no que à utilização do fogo dizia respeito, ele não pôs de forma nenhuma, em momento algum, a integridade do edifício, nem dos presentes na rodagem, em causa. Sob a supervisão do Comandante do Corpo dos Bombeiros Municipais de Tomar e de elementos da Proteção Civil, os bombeiros foram convocados, fizeram-se presentes e estavam alerta para qualquer eventualidade. Mas a sua intervenção não foi necessária, uma vez que tudo se processou dentro da normalidade e com o profissionalismo que a situação exigia".

Acrescenta ainda o documento, disponível na página da Ukbar no Facebook, que houve "desde o primeiro momento", a "consciência da responsabilidade de estar a utilizar um espaço histórico, que para além de Monumento Nacional é Património Mundial" e que foram alertados todos os participantes na rodagem para "que se movimentassem com delicadeza e respeito" e reforça o aspeto de terem sido "cumpridas todas as condições estipuladas nos termos do aluguer do espaço" com "acompanhamento técnico por parte dos profissionais do Convento, tanto nos períodos diurnos como noturnos".

A reportagem do programa "Sexta às Nove", da RTP1, emitida a 2 de junho, falava de "destruição" no Convento de Cristo, em Tomar, mostrava uma série de bilhas de gás propano que teriam sido colocadas no interior do edifício, e uma enorme pira de 20 metros que ardeu no centro de um claustro. Durante a peça, várias pessoas não identificadas, apresentadas como funcionários do monumento, descreveram um cenário totalmente oposto, de falta de cuidado, com muitos danos infligidos ao edifício. Elementos de anteriores direções também se mostraram horrorizados com o que se terá passado. O comandante dos bombeiros de Tomar, citado pela reportagem, afirma que no local estiveram apenas dois elementos da sua corporação.

Entretanto, Terry Gilliam, anunciou o fim das filmagens do projeto que demorou 17 anos a concluir, com vários acidentes e tragédias durante o percurso. Nesta última fase, antes deste caso em Tomar, a produção mudou de mãos devido a um desentendimento entre o realizador e o produtor português Paulo Branco que chegou aos tribunais.

A página do antigo elemento dos Monty Python no Facebook recebeu uma enxurrada de protestos e insultos por parte de utilizadores portugueses. Em resposta, Gilliam escreveu que não houve qualquer desrespeito em relação ao local e apelidou as reações de "histéricas".