Cartaz de cinema

Regresso de "Avatar" marca congresso de exibidores de cinema em Las Vegas

Publicado em 28 Abr. 2022 às 10:35, por António Quintas, em Notícias de cinema (Temas: Indústria cinematográfica, Cinema Norte-Americano, Box office)

Regresso de "Avatar" marca congresso de exibidores de cinema em Las Vegas

Ao longo de quatro dias, pensa-se o futuro após a pandemia. Os estúdios norte-americanos fornecem as estrelas e apresentam os filmes com que pretendem dar novo impulso à exibição em sala.

Donos de salas de cinema e estúdios norte-americanos estão reunidos esta semana na edição 2022 da Cinemacon, convenção promovida pelas associações do setor. O evento teve início segunda-feira e termina hoje, em Las Vegas. Quatro dias que serviram para recordar as feridas de dois anos em que o cinema em sala praticamente não existiu e - a acreditar no otimismo dos discursos - mostrar os filmes que vão lançar a recuperação.

Na agenda, a projeção integral de "O Telefone Negro" (The Black Phone), da Universal, e de "Top Gun: Maverick", da Paramount.

Quanto às apresentações dos estúdios, na quarta-feira a Disney fez saber do plano para relançar o "Avatar" original no grande ecrã em meados de setembro de 2022, com imagem e som renovados. O campeão de bilheteira de 2009 aguarda pela sequela há 13 anos. O seu criador, James Cameron, enviou uma mensagem aos três mil presentes no Caesars Palace a anteceder a revelação do primeiro trailer de "Avatar 2" - que poderá ser visto nos cinemas já na próxima semana, antes de "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura". Na mesma altura, soube-se que o título do filme será "Avatar: The Way of the Water".

Lightyear

Chris Evans apresentou uma antevisão de 30 minutos de "Lightyear", animação da Pixar prevista para junho, e foram mostradas imagens inéditas de "Amsterdam", descrito como um "épico de crime e romance" com Christian Bale, Margot Robbie e Robert De Niro, agendado para novembro.

O dia terminou com a dupla apresentação da Universal e da Focus Features. Sem super-heróis no catálogo, o estúdio aposta no terror.

Jordan Peele esteve em Las Vegas para mostrar o trailer de "Nope", e Jamie Lee Curtis foi profusamente aplaudida antes de um primeiro olhar sobre "Halloween Ends", onde a atriz se despede da personagem de Laurie Strode que interpretou pela primeira vez em 1978.

Para além de pequenos vislumbres de títulos como "Last Voyage of the Demeter", reinterpretação do mito de Drácula pelo norueguês André Øvredal, ou "Beast", de Baltasar Kormákur com Idris Elba e Sharlto Copley, a Universal destacou a sequela de "Minions" com Steve Carrell palco.

Do lado da Focus, a divisão onde se concentram os títulos mais sofisticados do estúdio, apresentaram-se imagens de "Downton Abbey: A New Era" e "Tár", a biografia da primeira maestrina de sempre de uma grande orquestra alemã, com Cate Blanchett.

Terça-feira, a Warner Bros. trouxera Dwayne Johnson para revelar o primeiro trailer de "Black Adam", e novas imagens da animação "DC Liga dos Super Pets".

O realizador Gary Dauberman fez o mesmo em relação a "Salem's Lot", que adapta a obra de Stephen King, e Jason Momoa e James Wan trouxeram clips de "Aquaman and the Lost Kingdom". Também o elenco de "Shazam! Fury of the Gods", encabeçado por Zachary Levi e Helen Mirren, subiu ao palco para revelar novas imagens.

Wonka

O estúdio apresentou ainda destaques de "Don't Worry Darling", realizado por Olivia Wilde, "The Flash", e "Wonka", a prequela de "Charlie e a Fábrica de Chocolate" com Timothée Chalamet.

Na segunda-feira, a Sony Pictures abriu as apresentações das majors com olhares por "Bullett Train", com Brad Pitt, pelo thriller "A Rapariga Selvagem" (Where the Crawdads Sing), com Reese Witherspoon, e por "The Woman King", com Viola Davis. Ficou a saber-se também que vai haver um filme com a personagem "El Muerto", saída do universo do Homem-Aranha.

A Cinemacon 2022 termina esta quinta-feira com as apresentações da Paramount e da Lionsgate.

Onde está o futuro?

Cinemas UK

Oficialmente, a pandemia ainda não acabou, mas o setor já tenta recuperar terreno num cenário em que o consumo de streaming aproveitou para ganhar terreno. Onde havia um modelo de negócio sólido e provado, existe endividamento enquanto os estúdios correm a produzir cada vez mais conteúdos para garantir um crescimento de subscritores que, sabemos, não durará para sempre - a Netflix descobriu-o recentemente e assistiu a um rápido trambolhão no preço das suas ações.

Como seria de esperar, os temas abordados na Cinemacon 2022 refletiram este estado de coisas.

O discurso inicial do presidente da associação norte-americana de exibidores incluiu uma apressada garantia de que as estreias simultâneas em sala e streaming acabaram, algo que só o tempo poderá confirmar-

Num dos painéis, falou-se da recuperação do cinema europeu, noutro das novas leis francesas que encurtaram as janelas de tempo entre as estreias em sala e no streaming de 36 para 15 ou 17 meses.

Em "Blockbusters or Bust" foi levantada a questão da dependência das franquias (leia-se Marvel, DC Comics e companhia) e a falta de diversidade nos géneros de filmes lançados.

Outros temas na programação do encontro referiram as formas de recuperar a confiança do espectador após dois anos de vírus e máscaras, e a necessidade de encontrar novas fontes de receitas, seja em áreas em crescimento como o Gaming e os esports, ou através da velha ideia de transformar os multiplexes em "centros de entretenimento".

Certo é que os desafios não desapareceram. O cinema comercial está dependente das franquias e de um curtíssimo leque de géneros. O streaming é um comboio desgovernado e há uma grande falta de lideranças informadas e conhecedoras à frente dos gigantescos conglomerados dos Estados Unidos.