Publicado em 19 Jul. 2021 às 18:06, por Pedro Sesinando, em Notícias de cinema (Temas: Festivais de cinema, Cinema Português)
Destaques para os filmes realizados por Francisco Moura Relvas, Ana Moreira, Filipe Melo e Paulo Patrício.
E ao terceiro dia a produção nacional arrebatou o curtas. Numa sessão muito aguardada, até a julgar pelo incremento de afluência, a competição nacional apresentou trabalhos de Francisco Moura Relvas, Ana Moreira, Filipe Melo e Paulo Patrício.
'Armazónia' de Moura Relvas passou sem grande impacto e a sessão ganhou novo fulgor com 'Cassandra Bitter Tongue' em que Ana Moreira dirige uma imensa Irís Cayatte a partir de um texto de Cláudia Lucas Chéu. Especial menção para o monólogo final, longo, mas dinâmico, em que Cassandra proclama o seu manifesto à liberdade sexual, uma espécie de revivalismo hedonista ali definindo como cinismo sexual.
Mas o melhor da sessão estava ainda por vir. Filipe Melo construiu, com um único plano e um impressionante Adriano Luz, uma curta carregada de tensão em 'O Lobo Solitário'. Adriano Luz, um animador de rádio local, recebe no ar a chamada de um velho conhecido e a partir daí somos levados na hábil gestão de suspense na realização de Filipe Melo. Fica a sensação de que vimos um thriller completo em apenas 20 minutos.
A terminar a sessão o momento mais violento da noite, a animação documental 'O Teu Nome é' de Paulo Patrício, sobre o homicídio de Gisberta Salce Jr. em 2006. A partir de depoimentos reais de dois dos jovens envolvidos na agressão e de testemunhos de amigas de Gisberta, suportado por uma animação minimal, mas muito bem conseguida, Paulo Patrício construiu uma obra que, pela importância do tema, deveria fazer parte do nosso património cultural contemporâneo. Para que não nos esqueçamos.