Cartaz de cinema

Diário do Curtas de Vila do Conde 2021: quinto dia - primeiras sessões da Competição Experimental

Publicado em 21 Jul. 2021 às 19:44, por Pedro Sesinando, em Notícias de cinema (Temas: Festivais de cinema)

Diário do Curtas de Vila do Conde 2021: quinto dia - primeiras sessões da Competição Experimental

Do programa de hoje fizeram parte filmes de Zaina Bselso, Helena Gouveia Monteiro, Marwa Arsanios e Nir Evron.

O quinto dia do Curtas de Vila do Conde marcou o início de uma nova rubrica com a primeira sessão da Competição Experimental, composta por trabalhos de Zaina Bselso, Helena Gouveia Monteiro, Marwa Arsanios e Nir Evron, com especial destaque para estes dois últimos. A libanesa Marwa Arsanios apresentou a terceira parte de "Who is afraid of ideology?", adequadamente subtitulada de "Micro Resistencias", um documentário dedicado à população indígena das reservas da região colombiana de Tolima e à luta pelo direito à terra e à subsistência face às ameaças das grandes corporações que fazem sentir o seu poder das formas mais agressivas. Arsanios não renega um tom panfletário sem nunca sobrepor a sua voz à das pessoas que quer retratar.

Interessante também o trabalho do israelita Nir Evron, "Belated Measures", que nos faz uma narração especulativa a partir de imagens não editadas e recuperadas pelos arquivos das Lehi, uma organização paramilitar que operou na Palestina após a proclamação do estado de Israel. A sinopse perfeita do filme é-nos dada ao início quando, nas palavras do narrador, se afirma que as imagens encontradas não vão ajudar a preencher vazios, mas talvez abram espaço a novos vazios.

Houve espaço também para mais uma sessão de Competição Nacional, uma rubrica que tem dado os melhores momentos do festival. Embora sem o fulgor de sessões anteriores mostrou trabalhos bastante sólidos, com destaque para o filme de Ana Mariz, "Matilde olha para trás", em que a câmara acompanha (quase diríamos persegue) Matilde, uma criança de cinco anos, perdida entre adultos. Se o objectivo de Ana Mariz era mostrar como a infância pode ser solitária então cumpriu em absoluto. A câmara constantemente colada aos gestos e expressões de Matilde, os adultos que nos chegam por silhuetas e ruídos, os dois mundos, dos adultos e das crianças, com fronteiras bem definidas. A sessão incluiu também "A Casa do Norte" de Inês Lima, "Lethes" de Eduardo Brito e "Nha Sunhu" de José Magro.