Publicado em 9 Set. 2018 às 23:02, por Samuel Andrade, em Notícias de cinema (Temas: Bastidores)
Terminado o evento aqui ficam as principais impressões da primeira visita do evento a Lisboa.
A Comic Con Portugal (CCPT), realizada este ano pela primeira vez em Lisboa, preencheu durante quatro dias o Passeio Marítimo de Algés de colorido, dinamismo, um ambiente saudável com selo "para toda a família" e a promessa de, em 2019, podermos assistir a um crescimento do evento.
Primeira menção positiva para o local escolhido. Apesar das críticas de centralização que a mudança de Matosinhos para Lisboa suscitou em alguns setores, o Passeio Marítimo de Algés é uma aposta ganha e um cenário que permite a eficaz organização do espaço por temáticas.
A disposição dos pavilhões e auditórios dedicados às diversas áreas que marcaram lugar na convenção, merece os nossos aplausos: em momento algum se verificou qualquer dificuldade de circulação pelo recinto, permitindo, assim, o conhecimento quase total da sua dimensão, assim como das atividades que ali se desenrolaram desde a abertura ao público.
Cinema e televisão, gaming e cosplay, literatura e banda desenhada, new media e música, exposições e cultura asiática conviveram com inteira naturalidade, apesar de os respetivos eventos terem conhecido uma afluência variável, naturalmente em função dos convidados presentes.
Neste particular, uma palavra para os "cabeças de cartaz" da CCPT. Sobretudo, os de Cinema e TV. "Poucos mas bons", isto é, sem o enorme mediatismo reclamado por algumas vozes, mas reveladores de uma disponibilidade e simpatia enormes junto dos fãs, da imprensa e do público em geral que não merecem o mínimo reparo.
Ainda no campo do Cinema, a opção pela "regionalização" do evento é mais uma decisão em que os organizadores devem continuar a apostar nos próximos anos. Em 2018, foi possível conhecer as antecipações de próximos filmes portugueses com cariz comercial: "Parque Mayer" (de António-Pedro Vasconcelos), "Carga" (de Bruno Gascon), "Solum" (de Diogo Morgado) e "Gabriel" (de Nuno Bernardo). Nesse âmbito, seria pertinente que tanto as produtoras e distribuidoras nacionais, como os meios de comunicação social ditos tradicionais, acompanhassem o investimento e tempo de antena que a CCPT disponibilizou ao cinema português.
Do lado dos aspeto menos conseguidos, pelo que pudemos observar, a app oficial não se revelou eficaz enquanto ferramenta de divulgação; sentiu-se, por vezes, que as alterações, ou cancelamento de iniciativas, não foram devidamente comunicadas à imprensa e ao público; os voluntários do evento nem sempre estavam na posse de toda a informação; e alguma sinalética adicional pelo recinto daria maior consistência ao sentido de orientação do visitante.
Apesar disso, é claro concluir que a organização tem ingredientes para continuar a confecionar, no nosso país, um evento inovador e sem a necessidade de seguir à risca o modelo implementado nas Comic Con nos Estados Unidos.
Para além de alguns aliados de peso na sua divulgação exterior - uma referência obrigatória para a presença do ator e produtor norte-americano Joe Reitman, senhor de um dinamismo e capacidade de comunicação inteiramente apropriados para este evento, e que confessou uma manifesta paixão por Portugal -, o próprio conceito da CCPT, enquanto montra de dinamização cultural, é inteiramente apelativo e com grande potencial.
Pelo que nos diz respeito, ganharam um fã!
Fotos: © Francisco Morais, todos os direitos reservados.