Cartaz de cinema

"O Síndrome do Vinagre" por Samuel Andrade
O Arquivo da Semana: cinema em domínio público para ver durante o recolher obrigatório (1.ª parte)

Publicado em 13 Nov. 2020 às 16:46, por Samuel Andrade, em Opinião, Notícias de cinema (Temas: Síndrome do Vinagre)

O Arquivo da Semana: cinema em domínio público para ver durante o recolher obrigatório (1.ª parte)

Um conjunto de propostas cinematográficas, sem direitos de autor, para conhecer, ou redescobrir em casa.

O estatuto de filme em domínio público, no que à história e "inventariação" do cinema diz respeito, é um tema tão fascinante como complexo de definir. Em termos gerais, de acordo com a legislação em vigor de muitos países e segundo o estabelecido na Convenção de Berna, uma obra entra no domínio público setenta anos após o falecimento do seu autor, ou quando os seus direitos autorais nunca existiram, ou não foram atempadamente renovados.

Relativamente ao cinema, tal categorização está ainda mais pendente das normas do próprio país de produção de um filme. No entanto, e apesar dessas condicionantes, é possível constatar um número considerável de obras cinematográficas em domínio público, numa realidade que tem possibilitado – sobretudo, com o advento da Internet, do YouTube e das plataformas de streaming – a sua divulgação de modo imediato e económico.

No momento em que o Governo português decretou recolher obrigatório nos próximos fins de semana para vários concelhos do país, o Síndrome do Vinagre propõe uma série de filmes em domínio público, de qualidade e poder de entretenimento garantidos, disponíveis no YouTube e que podem ser visualizados no ecrã que for mais cómodo para o espectador.

Brasa Dormida (1928, de Humberto Mauro)

Considerado pela crítica como um dos melhores filmes brasileiros de todos os tempos, e realizado pelo "pai" do cinema do Brasil, "Brasa Dormida" narra as desventuras de Luís Soares no Rio de Janeiro, para onde foi estudar por ordem do seu pai industrial. Naquela cidade, desbarata a sua mesada, abandona os estudos e apaixona-se, apesar dos protestos de outro ciumento pretendente, pela filha do proprietário da fábrica onde consegue emprego.

(fonte: Universal Pictures do Brasil)

Detour (1945, de Edgar G. Ulmer)

Realizado por Edgar G. Ulmer, cineasta austríaco que se radicou nos Estados Unidos, "Detour" foi encarado, durante muitos anos, como mero filme de série B até à sua recuperação crítica na década de 1970, tendo sido selecionado para preservação, em 1992, pela Biblioteca do Congresso. Talvez devido a esse desinteresse inicial, o seu copyright nunca foi resgatado, sendo, atualmente, visto como um primoroso exemplo de film noir norte-americano. Além disso, são 68 minutos de filme tremendamente divertidos.

(fonte: PRC Pictures)

O Ébrio (1946, de Gilda Abreu)

Um dos maiores sucessos de bilheteira da história do cinema brasileiro (estima-se que tenha ultrapassado o recorde detido até então por "E Tudo o Vento Levou"), e o primeiro filme de Gilda Abreu – uma das escassas realizadoras brasileiras daquela época –, "O Ébrio" acompanha Celestino, um jovem estudante de Medicina que, após a morte da esposa e de uma série de conflitos com familiares sem escrúpulos, envereda por uma vida de álcool e "vagabundagem".

(fonte: Cinédia)

Susie the Little Blue Coupe (1952, de Clyde Geronimi)

Curta-metragem de animação, produzida por Walt Disney, "Susie the Little Blue Coupe" foi o primeiro filme a "humanizar" um automóvel, antecedendo e influenciando aquilo que, em 2006, seria concretizado pela Pixar com "Carros". Para os interessados na história da Disney, observar as aventuras de Susie, uma coupé em busca do proprietário perfeito, revela-se quase essencial.

(fonte: Walt Disney Productions)

The Man with the Golden Arm (1955, de Otto Preminger)

Controverso na época de estreia, com Frank Sinatra e Kim Novak nos principais papéis e pautado por uma das bandas sonoras mais famosas de Elmer Bernstein, "The Man with the Golden Arm" foi pioneiro na abordagem de temas como o consumo de heroína, o jogo ilegal, ou o suicídio. O seu sucesso comercial, e o desafio às regras de produção então em vigor, foram determinantes para o fim do Código de Produção em Hollywood. A preservação das matrizes originais do filme está, desde 2005, assegurada pelo arquivo da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

(fonte: Otto Preminger Films)