Cartaz de cinema

Stephen Frears prepara filme sobre Billy Wilder

Publicado em 20 Mai. 2022 às 12:40, por António Quintas, em Notícias de cinema (Temas: Primeiro olhar)

Stephen Frears prepara filme sobre Billy Wilder

O realizador britânico Stephen Frears está a preparar "Mr. Wilder & Me", um filme sobre as dificuldades que o mestre do cinema clássico de Hollywood Billy Wilder enfrentou para rodar a sua penúltima longa-metragem, "Fedora".

Adaptação do livro homónimo de Jonathan Coe - recentemente editado em Portugal pela Porto Editora com o título "O Sr. Wilder & Eu" - remete para 1976, altura em que a compositora grega Calista Frangopoulos é contratada como intérprete durante a rodagem do filme "O Segredo de Fedora" na ilha de Corfu.

Christopher Hampton, que pela quinta vez trabalha na escrita de um filme de Frears, é o responsável pelo argumento. Entre as colaborações anteriores está o oscarizado "Ligações Perigosas", de 1985, uma adaptação a partir do texto teatral do próprio Hampton que no ano passado recebeu outro prémio da academia, desta vez a meias com Florian Zeller pelo argumento adaptado de "O Pai".

Apesar da narração a partir de um ponto de vista externo, a tradutora, "Mr. Wilder & Me" é, sobretudo, uma história sobre Billy Wilder que, após mais de 40 anos de carreira no cinema, enfrentava o fim de uma era. Em meados da década de 70, o sucesso vinha de uma nova geração de cineastas. Os temas e a forma como eram tratados, a maneira de fazer cinema, tudo mudara.

Como a Universal não apreciou o argumento de "Fedora" sobre uma antiga e reclusa estrela de Hollywood viciada em operações plásticas, Wilder garantiu financiamento na Alemanha e em França. Contratou duas atrizes europeias, para depois perceber que o seu inglês era imperceptível, obrigando-o a usar uma terceira atriz para dobrar as vozes.

O primeiro distribuidor norte-americano rompeu o acordo após um visionamento do filme em Nova Iorque. O segundo, quis transformá-lo num telefilme e vendê-lo à CBS. Acabou salvo pela United Artists, mas após alguns cortes só teve estreia oficial em 1978 durante uma retrospectiva da obra de Wilder no Festival de Cannes.

Mal recebido pela crítica, encarado como um filme de um realizador anacrónico, uma peça de museu, "Fedora" sofreu uma discreta e curta carreira comercial para, como tantos outros, ser mais tarde redescoberto e apreciado.