O festival com a mania das séries regressa em março

O Festival Series Mania regressa este ano à data de origem e decorre na cidade francesa de Lille entre 18 e 25 de março. Reflexo da elevada procura de ficção em formato episódico, apresenta 58 produções, incluindo 29 em antestreia mundial, numa seleção efetuada a partir de 350 propostas, de 50 países.

Na abertura, a 18 de março, estará a francesa "Drôle", sobre as alegrias e tristezas de um grupo de comediantes de stand-up num pequeno clube parisiense (estreia nesse mesmo dia na Netflix). A fechar, "Oussekine", minissérie em quatro partes da Disney+ inspirada no caso de um estudante de origem argelina morto pela polícia numa manifestação em Paris nos anos 80.

O júri do concurso internacional terá de escolher entre nove séries (sete estreias mundiais e duas estreias internacionais).

"Le monde de demain", um convite para assistir ao nascimento do movimento hip-hop francês nos anos 80, parceria Arte e Netflix; "Il Re", de Itália, com estreia marcada para a Sky, protagonizada pelo ator Luca Zingaretti (o antigo Comissário Montalbano), no papel do diretor de uma penitenciária; "Transport" do canal YLE da Finlândia, thriller que assenta numa investigação jornalística sobre tráfico transfronteiriço na Europa; e "Sentinelles", inspirada nas operações militares francesas no Mali. Sucessos anteriores parecem ter feito escola em Israel que apresenta mais um produto de ficção passado entre a comunidade ultraortodoxa. "Fire Dance", mergulha numa guerra de sucessão entre dois irmãos.

Do Reino Unido, duas séries: "The Birth of Daniel F. Harris", do Channel 4, conta a história de um jovem que cresceu encerrado e protegido pelo pai numa casa isolada, mas que, aos 18 anos, se vê obrigado a sair para o mundo exterior a fim de encontrar o assassino da mãe; "The Baby", comédia de terror, produção conjunta entre a Sky e a HBO, acompanha uma mulher de 38 anos que vê a vida alterada e manipulada pelo seu bebé que exibe estranhos e perturbadores poderes.

Completam o alinhamento da competição internacional do Series Mania as americanas "Billy the Kid", uma aventura romântica baseada na vida de Billy the Kid, da Epix; e "We Own This City", criada pela dupla David Simon e George Pelecanos, os mesmos de "The Wire" e "Treme" que voltam a apontar o dedo à corrupção na cidade de Baltimore.

A competição reservada às séries em língua francesa terá seis estreias mundiais.

"Les Papillons Noirs", outra parceria entre Arte e Netflix, coloca um escritor atormentado em busca de inspiração que acaba por ouvir as confissões de um casal de assassinos em série na França dos anos 70. O polícial "Hors Saison", acompanha as investigações de dois homicídios numa estância de ski na Suíça. "Reusss" é a história de três amigos que tentam descobrir os responsáveis por uma agressão; "Chair Tendre" lança-se pelos dramas íntimos da interssexualidade; "Syndrome E", parte de uma investigação sobre misteriosos filmes antigos que combinam ciência e elementos de fantasia; e "Toutouyoutou", mistura espionagem numa base aérea com a chegada da ginástica aeróbica a França, nos anos 80.

Série portuguesa na competição de comédias

Na noite das comédias, "Pôr do Sol", produção portuguesa da RTP, salta entre amor, paixão, mistério, traição e todos os outros sentimentos, numa sátira às telenovelas que acompanha a família Bourbon de Linhaça na sua herdade em Santarém.

É um das seis propostas desta secção onde pontuam também a francesa "Os Visitantes"; a norueguesa "Kasko", sátira politicamente incorrecta sobre um preguiçoso que descobre o seu dom para expor fraudes de seguros; e ainda a israelita "Blood Murray" e as australianas "Spreadsheet" e "All My Friends are Racist".

Um olhar internacional

Fora de competição, o Panorama Internacional exibe 13 títulos de diversas proveniências.

Da Suécia, "The Dark Heart", thriller psicológico sobre uma jovem que se apaixona pelo filho do inimigo do pai enquanto tenta recuperar o controlo da sua exploração florestal. De Israel, "Children in the Woods" olha para os bastidores arrepiantes da Dark Web e para uma sociedade israelita fragmentada.

A série belga, "Two Summers" oscila entre duas épocas quando a reunião de um grupo de amigos faz ressurgir um segredo com 30 anos. Também da Bélgica surge "Des Gens Bien", uma tragicomédia sombria sobre um esquema de seguros numa pequena cidade na fronteira franco-belga.

Do Quebec, "Le Temps des Framboises" mostra a viúva herdeira de uma exploração agrícola obrigada a lidar, ao mesmo tempo, com os sogros e com trabalhadores sazonais.

"Kin" é um drama policial irlandês passado em Dublin e centrado numa família alargada de criminosos envolvidos numa guerra de gangues contra um cartel internacional que não conseguem derrotar. "Funeral For a Dog", da Sky Alemanha, aborda o encontro entre um jornalista e um escritor recluso. "Magpie Murders", produção britânica, é um intriga policial clássica que segue uma editora arrastada para uma teia de intrigas e assassinatos após receber um manuscrito inacabado.

O alinhamento fica completo com "Station Eleven", da HBO, passada num mundo pós-apocalíptico; "Sunshine Eyes", produção independente alemã filmada durante o primeiro confinamento da pandemia; "Turbia", da Colômbia, rodada por um grupo de cineastas que abordam os conflitos provocados pela falta de água no país; "The Responder", da BBC, sobre dois polícias de Liverpool; e a chinesa "Gold Panning", que acompanha um jovem que viaja aos rios selvagens da montanha Altai em busca do irmão  desaparecido na corrida ao ouro durante os anos 80.  

Como é hábito, o programa do festival contará ainda com a apresentação de novas temporadas de séries populares como "Atlanta", "Bridgerton", ou "HPI".