Cartaz de cinema

Morreu Olivia de Havilland, a última grande atriz da Era Dourada de Hollywood

Publicado em 26 Jul. 2020 às 18:29, por Samuel Andrade, em Notícias de cinema (Temas: Obituário, Cinema Norte-Americano)

Morreu Olivia de Havilland, a última grande atriz da Era Dourada de Hollywood

A atriz morreu sábado, na sua residência em Paris, aos 104 anos.

Estrela de filmes como "As Aventuras de Robin dos Bosques", "E Tudo o Vento Levou" ou "A Herdeira", Olivia de Havilland era, para muitos, a última representante ainda viva da chamada Era Dourada de Hollywood. Morreu sábado, na sua casa em Paris, com 104 anos.

Filha da atriz Lillian Fontaine e irmã de Joan Fontaine (com quem, de forma notória, cortou relações), Olivia de Havilland enveredou por uma carreira no teatro desde muito nova (aos 16 anos, foi protagonista de uma encenação de "Alice no País das Maravilhas"), tendo sido por essa via que despertou a atenção de agentes cinematográficos. Em 1935, com apenas 18 anos, estreou-se no grande ecrã com "Sono de uma Noite de Verão" e, sobretudo, "O Capitão Blood", filme de aventuras onde contracenava com um também muito jovem Errol Flynn.

Ao longo das décadas de 1930 e 1940, o seu talento e a graciosidade natural que exibia foram decisivos para o legado de filmes como "As Aventuras de Robin de Bosques" (1938), "Todos Morreram Calçados" (1941), ou "O Espelho da Alma" (1946), tendo ganho o Oscar de Melhor Atriz, em 1947 e 1950, por "Lágrimas de Mãe" e "A Herdeira" respetivamente, e somado nomeações pelos seus desempenhos em "A Minha História" (1941) e "O Fosso das Víboras" (1948).

No entanto, será "E Tudo o Vento Levou" (pelo qual foi também nomeada para o Oscar de Atriz Secundária) o filme mais associado à memória de Olivia de Havilland, pelo papel da bondosa Melanie Hamilton, a cunhada da protagonista Scarlett O'Hara.

A carreira de Olivia de Havilland ficou também ligada a outro marco histórico da indústria do cinema quando, em finais dos anos 40, liderou uma iniciativa para acabar com o sistema de contratos então em vigor, que obrigava os atores a ficarem comprometidos a um grande estúdio durante sete anos. Após uma longa batalha legal (durante a qual, chegou a processar a Warner Bros.), os tribunais deram razão a Havilland em 1945, afirmando que os atores estavam livres daquela obrigação para com os estúdios, num momento que ficou conhecido como A Decisão de Havilland e ajudou a pôr fim ao "studio system".

A partir dos anos 50, a sua presença no grande ecrã tornou-se menos assídua, assumindo interpretações inesquecíveis em "A Minha Prima Raquel" (1952), "Os Bárbaros do Século XX" (1964) e "Com a Maldade na Alma" (1964).

A residir em Paris desde 1960, as aparições públicas de Olivia de Havilland foram escasseando ao longo dos últimos anos, tendo sido, na última década, homenageada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, em 2006, recebido a Medalha Nacional das Artes das mãos do Presidente George W. Bush, em 2008 e, sido agraciada em 2010, aos 94 anos de idade, com a Legião de Honra entregue pelo Presidente da República Francesa.