Cartaz de cinema

Jean-Louis Trintignant morre aos 91 anos

Publicado em 17 Jun. 2022 às 21:59, por António Quintas, em Notícias de cinema (Temas: Obituário, Cinema Europeu)

Jean-Louis Trintignant morre aos 91 anos

O cinema o teatro e a poesia preencheram uma carreira com mais de cinco décadas.

Jean-Louis Trintignant morreu esta sexta-feira na sua casa no sul de França, aos 91 anos, de acordo com informação da família.

Durante as décadas de 50 e 60 foi uma das maiores estrelas masculinas do cinema francês ao lado de Delon e Belmondo.

Celebrado por papéis em filmes como "E Deus criou a Mulher", de Roger Vadim, "Um Homem e uma Mulher", de Claude Lelouch, "Z" de Costa-Gravas, ou o mais recente "Amor", de Michel Haneke, Trintignant acumulou igualmente uma longa carreira nos palcos com presença em mais de 160 peças e tornou-se uma das vozes preferidas de França na leitura de poesia.

Apaixonado por corridas automobilísticas, sobrinho de um duplo vencedor do Grande Prémio do Mónaco em Fórmula 1, conseguiu combinar carros e cinema quando foi um piloto apaixonado por Anouk Aimée no filme de Lelouch. Apesar da paixão, o seu melhor resultado neste campo foi apenas um segundo lugar nas 24 horas de Spa, em 1982.

Vimo-lo tanto em produções para o grande público, como o sucesso de bilheteira "Paris Já Está a Arder?", de René Clément, como em trabalhos de intervenção política como "Z", de Costa-Gavras, e em filmes esteticamente mais ousados como "L'Homme qui ment", de Alain Robbe-Grillet, que lhe valeu o Urso de Ouro para melhor ator no Festival de Berlim, ou "A Minha Noite em Casa de Maud", de Éric Rohmer.

Em Itália, filma "A Ultrapassagem" com Dino Risi e "O Conformista" onde é dirigido por Bernardo Bertolucci.

Nos anos 80, volta a concentrar-se nos palcos, mas mantém presença constante no cinema onde reencontra Lelouch em "Viva la Vie" e "Partir e Voltar". Na década seguinte trabalha com Krzysztof Kieslowski em "Três Cores: Vermelho" e com Jacques Audiard em "Regarde les hommes tomber".

Um drama familiar

Em 2003, a morte da filha, espancada até à morte pelo companheiro, deixa-o devastado. Durante dez anos afasta-se.

O grande regresso acontece em 2012, graças a Michel Haneke que o convence a contracenar com Emmanuelle Riva no papel de Georges, um octogenário confrontado com a lenta agonia da esposa. Nesse ano, recebe o prémio de melhor ator em Cannes.

Volta a filmar com Haneke em 2017, no drama familiar "Happy End". Em 2019 reencontra Lelouch e a sua parceira de "Um Homem e Uma Mulher", Anouk Aimée, para uma espécie de sequela, "Os Melhores Anos da Nossa Vida".