Publicado em 11 Mai. 2021 às 18:25, por António Quintas, em Notícias de cinema (Temas: Temporada de prémios, Indústria cinematográfica)
Fúria de Hollywood aumenta pressão sobre a HFPA e exige mudanças antes do próximo ciclo de atribuição de prémios.
A lista de reações negativas em relação à Hollywood Foreign Press Association não deixa de aumentar desde que, a 6 de maio, os organizadores dos Globos de Ouro aprovaram um conjunto de alterações ao seu funcionamento.
Da lista de mudanças fazia parte a admissão de novos membros, o foco no recrutamento de jornalistas negros e a hipótese de entrada para qualquer jornalista a residir nos Estados Unidos que trabalhe para um meio de comunicação de outro país. Foram ainda prometidos novos códigos de conduta e padrões de acreditação iguais para todos os associados, bem como a intenção de entregar a gestão corrente a profissionais externos.
Do lado da indústria norte-americana de entretenimento ninguém ficou convencido, ou agradado, com as propostas e respetivos calendários de implementação. O que parece claro é que o setor pretende mudanças antes do próximo ciclo de atribuição de prémios e, sobretudo, a saída do núcleo que lidera a HFPA, a pequena agremiação de jornalistas que, atualmente integra 86 pessoas.
As agências de relações públicas e representação, a Netflix, Amazon e Warner Media, todas se declararam indisponíveis para trabalhar com os organizadores dos Globos de Ouro.
O movimento Time's Up, alguns dos nomes mais poderosos do cinema e televisão como Scarlett Johansson, Mark Ruffalo, Ava DuVernay, Ellen Pompeo, Kerry Washington, JJ Abrams, Jurnee Smollett, Jenifer Aniston, Damon Lindelof, ou a produtora Shonda Rhimes, as associações de realizadores (DGA) e atores (SAF-AFTRA), a GLAAD que defende os direitos LGBTQ, todos se pronunciaram pela necessidade urgente de alterações. Tom Cruise devolveu mesmo os três Globos recebidos anteriormente.
Tão ou mais alarmante para a HPFA do que tudo isto, a NBC anunciou que não irá transmitir a entrega dos Globos de Ouro em 2022 deixando a mensagem de que talvez regresse em 2023. Sem emissão televisiva e sem a presença de atores e realizadores, os Globos ficam reduzidos a nada. Tal como está, a HFPA arrisca, num primeiro passo a irrelevância, logo seguido de uma rápida e inevitável extinção.