10 grandes filmes para ver em quarentena

No momento em que os portugueses, num acto de fundamental prevenção e em conformidade com as medidas definidas pelo Governo para combate à epidemia do COVID-19, se preparam para um período de isolamento social e quarentena, o cinema em casa poderá ser uma forma importante de descontração e reunião familiar.

Neste contexto, o filmSPOT propõe 10 filmes que merecem ser vistos em casa. Uma dezena de títulos, atualmente disponíveis em plataformas de streaming e canais televisivos, que, para além do seu acesso fácil, são considerados de visualização essencial, tanto para cinéfilos exigentes, como junto do mais brando apreciador de cinema.

Para estas escolhas, tivemos em consideração o estatuto dos filmes na história do cinema e, muito em especial, o cariz lúdico, pedagógico e comunicativo dos mesmos.

Assim, ponham-se confortáveis e mantenham a calma enquanto conhecem estas 10 sugestões. E, sobretudo, permaneçam em casa.

"O Adeus às Armas" (1932, Frank Borzage)

Inspirado num romance de Ernest Hemingway, "O Adeus às Armas" narra o trágico romance entre um condutor de ambulâncias americano e uma enfermeira inglesa (Gary Cooper e Helen Hayes nos principais papéis) durante a Primeira Guerra Mundial. Considerado pela crítica como uma das melhores adaptações cinematográficas de um livro de Hemingway, o filme é um exemplo máximo do melodrama romântico norte-americano dos anos 30.

O filme encontra-se em domínio público, podendo ser visualizado no YouTube.

"O Grande Escândalo" (1940, de Howard Hawks)

Célebre comédia do género 'screwball' (muito popular durante os anos da Grande Depressão, que satirizava os mecanismos das narrativas românticas), "O Grande Escândalo" centra-se num editor jornalístico pouco escrupuloso (Cary Grant, num dos seus papéis mais famosos) na iminência de perder a sua ex-mulher, e a melhor jornalista do jornal que dirige, para outro homem. Um dos filmes favoritos de Quentin Tarantino, "O Grande Escândalo" tem sido objeto de estudo por vários críticos de cinema e figura, frequentemente, nas listas de melhores comédias de todos os tempos.

Uma vez que os seus direitos de autor não foram alvo de renovação, o filme encontra-se no domínio público e pode ser visto no YouTube.

"O Estrangeiro" (1946, de Orson Welles)

Film noir sobre um fugitivo nazi, escondido no Connecticut, perseguido por um investigador da comissão de crimes de guerra das Nações Unidas, "O Estrangeiro" foi um dos últimos filmes realizados por Orson Welles com o apoio de um grande estúdio. Contudo, tal não impediu de se produzir um melodrama de espionagem com todo o apurado sentido visual do autor de "O Mundo a Seus Pés".

Disponível no catálogo da Netflix Portugal https://www.netflix.com/pt/title/1005494. Uma vez que o filme encontra-se em domínio público, também pode ser visualizado no YouTube.

"O Tesouro de África" (1953, de John Huston)

Num pequeno porto do Mediterrâneo, um grupo de passageiros - entre os quais, Humphrey Bogart, Jennifer Jones, Gina Lollobrigida e Peter Lorre -, todos com os mais variados interesses e ambições, aguarda o momento de embarcar num cargueiro com destino ao norte de África. Enquanto aguardam pela partida, as personagens interagem das formas mais inesperadas e divertidas, tornando "O Tesouro de África" numa deliciosa paródia dos thrillers e filmes de aventuras, então imensamente populares, do cinema norte-americano da altura.

O filme está em domínio público, podendo ser visualizado com bastante qualidade no YouTube.

"Horas de Desespero" (1955, de William Wyler)

Um trio de criminosos evadidos, liderado por Humphrey Bogart, invade a casa de uma família de Indianapolis, tomando como reféns os seus quatro membros, enquanto esperam pela chegada do dinheiro que possibilitará a sua fuga. Inspirado numa história verídica, e apresentando uma das interpretações mais conseguidas de Bogart, o principal trunfo de "Horas de Desespero" reside num argumento que, constantemente, desafia as expetativas do espectador.

O filme é exibido na Fox Movies, na próxima segunda-feira, dia 16 de março, às 10h22.

"A Loja dos Horrores" (1960, de Roger Corman)

Comédia com elementos de terror e distinto filme de culto, "A Loja dos Horrores" apresenta-nos Seymour, um jovem e tímido empregado de uma florista que descobre, para seu grande pavor, que uma nova e misteriosa planta da loja tem a capacidade de falar e aprecia carne humana. Realizado pelo popular Roger Corman, cineasta de uma filmografia praticamente composta por filmes de baixo orçamento, e com um jovem Jack Nicholson num secundário mas memorável papel, o ambiente surreal e exagerado de "A Loja dos Horrores" não deixa ninguém indiferente.

Em domínio público, o filme pode ser visualizado no YouTube.

"Boneca de Luxo" (1961, de Blake Edwards)

No papel que imortalizou Audrey Hepburn, "Boneca de Luxo" conta a história de uma socialite nova-iorquina, do seu interesse romântico pelo seu jovem e recém-chegado vizinho, um escritor em dificuldades que se vê arrastado para o vertiginoso estilo de vida da protagonista. Para além de Hepburn, "Boneca de Luxo" ficou conhecido pela sua banda sonora da autoria de Henry Mancini (sobretudo, pelo tema 'Moon River'), influenciou a moda da sua época e inspirou, nos anos 90, a composição da popular canção 'Breakfast at Tiffany's' https://www.youtube.com/watch?v=1ClCpfeIELw, dos norte-americanos Deep Blue Something.

"Boneca de Luxo" é exibido no AMC na próxima segunda-feira, 16 de março, às 13h26.

"Demência 13" (1963, de Francis Ford Coppola)

Para os amantes do cinema de terror, nada melhor do que espreitar um dos primeiros trabalhos do realizador de "O Padrinho" e "Apocalypse Now". Uma família de nobres irlandeses, assombrada pela morte trágica de uma das suas crianças, reúne-se anualmente no enorme Castelo Haloran para celebrar a memória daquela menina. Mas, desta vez, os membros da família são aterrorizados por um assassino à solta com machado em punho... Composto por várias sequências de terror memoráveis, "Demência 13" representa uma das primeiras demonstrações do talento de Francis Ford Coppola.

Disponível no YouTube, dado o seu estatuto de filme em domínio público.

"Máscaras" (1976, de Noémia Delgado)

Documentário rodado em Trás-os-Montes, centrado no ritual dos caretos (uma tradição que, em 2019, foi declarada Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO), "Máscaras" é um dos filmes mais representativos do Novo Cinema português. Obra de pura antropologia visual, com extensivo uso de técnicas de cinema directo, a realizadora Noémia Delgado apresenta uma visão histórica e quase "primitiva" de uma das principais festas etnográficas do nosso país.

"Máscaras" encontra-se disponível para visualização, na íntegra, no YouTube.

"O Túmulo dos Pirilampos" (1988, de Isao Takahata)

Dois órfãos lutam pela sobrevivência no Japão após a Segunda Guerra Mundial, no seio de uma sociedade hostil, vergada pela guerra e pela escassez de alimentos. Considerado como obra-prima do cinema de animação japonês, "O Túmulo dos Pirilampos" tem sido interpretado como um filme anti-guerra (embora o realizador tenha afirmado que essa não foi a sua intenção), sem receios de deixar o espectador desconfortável nem de apresentar o lado mais negro do ser humano.

Disponível no catálogo da Netflix Portugal.