Publicado em 18 Fev. 2022 às 11:11, por António Quintas, em Notícias de cinema (Temas: Indústria cinematográfica, Box office, Bastidores)
O regulador local aprovou a estreia de "The Batman" a 18 de março.
"The Batman" terá estreia na China a 18 de março. O filme com Robert Pattinson põe fim a uma longa ausência das aventuras de super-heróis nas salas chinesas.
Por uma razão ou outra, os anteriores cinco filmes com personagens Marvel estiveram ausentes do lucrativo mercado que ultrapassou a América do Norte como o maior consumidor de cinema em 2021.
"Viúva Negra", "Eternos", "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis", "Venom: Tempo de Carnificina", e até "Homem-Aranha: Sem Volta a Casa", o maior sucesso global de público desde o início da pandemia, não obtiveram aprovação das autoridades chinesas.
Em 2022, até ao momento, só outras três produções norte-americanas estão no alinhamento de estreias: "Morte no Nilo" (estreia a 19 de fevereiro), "Um Dia de Chuva em Nova Iorque" (a 25 de fevereiro) e "Uncharted" (a 14 de março).
No ano passado, apenas 20 longas-metragens com origem nos EUA foram distribuídas na China. Em 2020 tinham sido 25. Em 2019, o último ano antes da COVID-19, o número chegou às 45.
A primeira tentação será ligar estas alterações à pandemia. Houve uma interrupção nas produções, salas fechadas, adiamento de estreias. No entanto, a indústria cinematográfica chinesa recuperou em pouco tempo.
Estreias de produções chinesas
Receita total de bilheteira nos cinemas chineses
Fonte: Box Office Mojo
As razões mais importantes prendem-se com a política: os protestos em Hong Kong, o 100.º aniversário do Partido Comunista Chinês, comemorado no verão de 2021, e o clima pesado nas relações diplomáticas e comerciais entre EUA e China, levaram a uma regressão. O regime voltou a mostrar-se autoritário e preocupado em controlar as influências externas.
A prioridade rumou para os filmes patrióticos, para os dramas e comédias que exaltassem as qualidades que Pequim mais deseja observar nos seus cidadãos. O resultado é patente no top 5 anual. "A Batalha do Lago Changjin", sobre a participação das tropas chinesas na Guerra da Coreia, nos anos de 1950, foi o campeão de bilheteira. Seguiram-se duas comédias, "Olá Mãe", e "Detetive Chinatown 3", e o drama "O Meu País, os Meus Pais".
Subsiste a questão: esta situação veio para ficar? Irá o regime insistir nesta onda de isolacionismo cultural, ou foi apenas um momento fruto da conjuntura? Por agora, sabe-se apenas que o Cavaleiro das Trevas vai voltar a voar pelos milhares de ecrãs construídos na China nas últimas duas décadas.