Publicado em 25 Abr. 2012 às 11:34, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Indústria cinematográfica)
O realizador Peter Jackson apresentou em Las Vegas algumas sequências do novo filme "The Hobbit". As novidades técnicas não deixaram ninguém indiferente, mas as opiniões dividiram-se.
O realizador neozelandês Peter Jackson apresentou dez minutos de "The Hobbit: An Unexpected Journey" a uma audiência de profissionais da área da exibição reunidos no CinemaCon, em Las Vegas.
Mais do que a novidade das imagens, foi a técnica de projeção usada que chamou a atenção. Pela primeira vez, um filme foi projetado a 48 fotogramas por segundo, em vez dos 24 que são norma desde a passagem para o cinema sonoro.
Antes da projeção, Jackson apareceu numa declaração gravada onde explicou as virtudes do novo sistema e exortou os donos das salas norte americanas a exibirem "The Hobbit" com a nova cadência. Já em 2011, James Cameron, outro realizador bastante ativo na área técnica - tinha falado desta alteração. Cameron anunciou mesmo que irá filmar as sequelas de "Avatar" a 60 fps (fotogramas por segundo).
Este ano, já foi possível ver algo filmado e projetado a cadências superiores àquelas a que estamos habituados.
Segundo Jackson os 48 fps dão à imagem "a ilusão da vida real, onde os movimentos parecem mais suaves e não reparamos no efeito de cintilação da luz". Acrescentou ainda que "a cadência superior incomoda menos os olhos nas projeções em 3D" e que "mesmo em 2D as imagens a 48 fps são fantásticas".
Um jornalista do The Hollywood Reporter (THR) presente na sessão disse que: "o plano aéreo inicial sobre as montanhas surgiu com maior nitidez do que em muitos documentários sobre a natureza".O mesmo jornalista adverte, no entanto, que "o efeito é diferente quando aplicado a cenas com atores em que se vê cada poro e cada movimento com uma limpidez cristalina".
Foi precisamente esse efeito - ou excesso de nitidez - que provocou reações negativas. Uma parte da audiência na sala não ficou impressionada e foi rápida a verbalizar o descontentamento.
Um projecionista citado no mesmo artigo do THR referiu que as imagens lembravam "um filme feito para televisão. Demasiado nítido, demasiado claro. O contraste ainda não está lá. Tudo parecia demasiado claro, ou escuro."
Outra das preocupações prende-se com a necessidade que as salas terão de atualizar o software das salas para conseguirem projetar a 48 fps. O site Indiewire refere que essa atualização pode custar perto de 10 mil dólares por ecrã (7.500 euros).
David Faracci, do blogue Badass Digest, confessou não ter gostado de todo do que viu: "não parece cinema", e concluiu: "Lembra-me as produções da BBC nos anos 70". Um sentimento provocado pela falta da textura cinematográfica dada pelos tradicionais 24 frames por segundo.
Perante as reações e receios motivados por estes dez minutos de filme, Peter Jackson veio tranquilizar toda a gente no seu perfil do Facebook ao dizer que: "vamos ter versões normais a 24 fps disponíveis em cinemas por toda a parte".
"The Hobbit: An Unexpected Journey" estreia a 13 de Dezembro nos Estados Unidos. Ainda não há data marcada para Portugal. O segundo filme da série, "The Hobbit: There and Back Again" sairá um anos depois, em finais de 2013.