Publicado em 15 Jan. 2015 às 23:41, por Samuel Andrade, em Notícias de cinema (Temas: Oscars, Temporada de prémios)
O anúncio dos nomeados para a 87ª edição dos prémios da Academia não poupou nas surpresas e tem gerado muitas reações acaloradas.
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS) revelou hoje os nomeados para a 87ª edição dos Oscars e, com este anúncio, é inevitável a análise aos nomes e títulos que se confirmam como favoritos e salientar os "esquecido" e as maiores surpresas na corrida à estatueta dourada.
De um ponto de vista geral, alguns dados são dignos de registo.
Primeiro, Meryl Streep cimentou a posição como a atriz mais nomeada da história dos Oscars (e vão 19 nomeações...); Wes Anderson (conta três nomeações como realizador, produtor e argumentista) parece estar definitivamente convertido à Academia; e surgiram as habituais reações críticas à ausência de diversidade racial - como sucede neste artigo de opinião escrito por Stacy Lambe na ET News - e de género - ver crónica de Melissa Silverstein no Indiewire.
Depois, entre os nomeados Bradley Cooper entrou no restrito grupo de atores merecedores de três nomeações consecutivas para Melhor Ator e, dos vinte nomes indicados nas categorias de interpretação, nove são estreantes: Patricia Arquette, Steve Carell, Benedict Cumberbatch, Felicity Jones, Michael Keaton, Rosamund Pike, Eddie Redmayne, J.K. Simmons e Emma Stone.
Quanto aos esquecidos, eis as ausências mais inesperadas:
Um dos principais sucessos de bilheteira de 2014, conseguindo até cair nas boas graças da crítica, a primeira incursão cinematográfica dos brinquedos dinamarqueses mais famosos do mundo foi, para surpresa geral, relegado do Oscar que premeia a animação. O espanto é tanto que o Variety já listou cinco razões para a ausência de "O Filme Lego" nesta categoria.
A ausência de DuVernay, realizadora e afro-americana, é o caso que mais polémica tem lançado, nas últimas horas, entre a imprensa especializada de cinema norte-americana, sobretudo junto dos setores mais críticos da Academia, que apelidaram a ausência como "sexista" e "racista".
Uma profunda transformação física e a sua nomeação para os Screen Actors Guild Awards não foram suficientes para a Academia recompensar Gyllenhaal com uma nomeação.
Considerada como o elo mais forte de uma obra que pouca atenção tem gerado na presente temporada de prémios (excepção feita ao National Board of Review, que o elegeu como o melhor de 2014), Chastain acabou por ser vítima da ausência completa do filme entre os nomeados.
Rosamund Pike, nomeada para Melhor Atriz, é a única representante da mais recente obra de David Fincher. A falha em ser nomeado para Argumento Adaptado (por Gillian Flynn, que transpôs o seu livro para o grande ecrã) ou Banda Sonora (a partitura de Trent Reznor e Atticus Ross tem sido candidata ao prémio em vários sítios) torna-o num dos principais ausentes da próxima noite dos Oscars.
O último filme de Tim Burton nem a nomeação de Amy Adams para Melhor Atriz obteve (o tema "Big Eyes", interpretado por Lana Del Rey, também era cogitado para a sua categoria), assinalando ainda mais a distância entre a Academia e o trabalho do realizador de "Eduardo Mãos-de-Tesoura".
Por outro lado, registaram-se algumas surpresas:
As hipóteses de Cotillard, que se apresentavam repartidas entre o filme dos irmãos Dardenne e "A Emigrante", eram diminutas. A Academia acabou por preferir a atriz francesa, retirando o lugar que tudo indicava pertencer a Jennifer Aniston.
Ausente dos nomeados para os Globos de Ouro ou nos Screen Actors Guild Awards, nada sugeria que Cooper tivesse "carreira" nos prémios relativos a 2014. A Academia acabou por contrariar todas as apostas, concedendo-lhe a sua terceira nomeação para Melhor Ator.
Uma breve consulta ao percurso deste filme e poucos apontariam Laura Dern como capaz de "roubar" uma nomeação a Jessica Chastain (Um Ano Muito Violento) ou a Rene Russo (Nightcrawler – Repórter da Noite). A presença da "mulher fetiche" de David Lynch entre as atrizes secundárias poderá muito bem ser a grande surpresa dos nomeados da 87ª edição dos Oscars da Academia.
Representantes por excelência do habitual exotismo que a Academia gosta de infundir nos nomeados, os cinematógrafos Ryszard Lenczewski e Lukasz Zal demonstraram que a sua indicação para os Prémios da Academia Britânica (BAFTA) não foi um mero acaso.