"O Síndrome do Vinagre" por Samuel Andrade
O Arquivo da Semana: Memórias do Giro d'Italia

A 13 de maio de 1909, por iniciativa do La Gazzetta dello Sport e com o propósito de incrementar as vendas do jornal, a cidade de Milão foi o ponto de partida da primeira edição do Giro d'Italia. Com a exceção dos anos das duas Guerras Mundiais, a volta à Itália em bicicleta é organizada ininterruptamente desde aquela data, convertendo-se numa das principais provas mundiais de ciclismo, de dificuldade reconhecida pela exigência física que caracteriza muitas das suas etapas e onde se sagraram nomes célebres da modalidade, como Alfredo Binda, Fausto Coppi, Eddy Merckx, ou Marco Pantani.

Desde o seu início, o Giro d'Italia despertou a atenção de pioneiros da cinematografia e, sobretudo com o advento do cinema documental e da televisão, as imagens em movimento foram um veículo privilegiado para o registo histórico da modalidade.

Com a 104.ª edição do Giro agora na estrada, o Arquivo desta semana destaca cinco momentos que, da ficção ao documentário, traçam a história, a perceção popular e a própria evolução técnica da competição.

Os arquivos da Cineteca di Bologna são o fiel repositório das mais antigas imagens em movimento, de que há registo, sobre o Giro. Captado por um ilustre desconhecido, durante a edição inaugural da prova em 1909, e com o título oficial "Il Primo Giro d'Italia", este breve, mas importante documento histórico, revela as condições em que os ciclistas competiram, o entusiasmo em torno da corrida e os rostos de alguns dos primeiros participantes da Volta à Itália.

(fontes: S.A.F.F.I.-Comerio / Cineteca di Bologna)

Em 1948, Totó, nome artístico de Antonio de Curtis e um dos atores de comédia mais populares do cinema italiano, protagonizou "Totò al giro d'Italia" (estreado por cá como "Totó, Ás do Pedal"), a história de um homem que vende a alma ao Diabo para ganhar o Giro d"Italia e conquistar o coração da sua amada. O filme ficou célebre, ainda, pela participação especial de vários ciclistas italianos, tais como Fausto Coppi ou Gino Bartali.

(fontes: Ente Nazionale Industrie Cinematografiche – ENIC / Peg Produzione)

Para uma definição da história do Giro, assim como do ciclismo internacional, é obrigatório destacar o nome de Fausto Coppi. Apelidado de Il Campionissimo, no seu extenso palmarés contam-se cinco vitórias no Giro d'Italia, duas na Volta à França e o campeonato mundial de ciclismo em 1953. Esse foi, também, o último ano em que Coppi terminou o Giro em primeiro lugar, numa edição recordada neste breve documentário onde, entre diversos motivos de interesse, se descortina a impressionante paisagem das montanhas italianas.

(fonte: Istituto Luce Cinecittà)

Produzido em 1975 para um canal de televisão alemão, "Giro d'Italia - Die härteste Show der Welt" é um dos documentários mais conhecidos sobre a Volta à Itália. Acompanhando, de fio a pavio, a 57.ª edição do Giro, o filme sublinha a prestação de Eddy Merckx (o vencedor da prova daquele ano) e uma variedade de momentos que vão da glória do ciclista belga à curiosa presença do Papa Paulo VI antes de uma etapa que partiu da Cidade do Vaticano. Destaque final para a surpreendente proficuidade técnica (sobretudo, as que sugerem o ponto de vista dos ciclistas) das suas imagens.

(fontes: Süddeutscher Rundfunk – SDR / RAI Radiotelevisione Italiana)

No âmbito da história do ciclismo português, o nome de Acácio da Silva não é, habitualmente, o mais mencionado pela imprensa e literatura desportivas. Contudo, o ciclista montalegrense protagonizou alguns dos momentos mais importantes da modalidade do nosso país, tendo somado, ao longo de uma década, vitórias em etapas do Giro d'Italia e do Tour. Em 1989, nos 132 km entre Catania e o Monte Etna, as objetivas da Rai Uno captaram a vitória de Acácio da Silva naquela etapa, numa edição em que o português envergou a camisola rosa durante dois dias.

(fonte: RAI Radiotelevisione Italiana)