Publicado em 10 Jan. 2023 às 20:19, por António Quintas, em Notícias de cinema (Temas: Cinema Norte-Americano, Bastidores)
Um artigo publicado na imprensa norte-americana fala de custos descontrolados e demissões em áreas críticas da produção. O realizador nega.
A produção de "Megalopolis" não está a correr bem a Francis Ford Coppola, de acordo com o The Hollywood Reporter. O orçamento disparou para além do previsto e as equipas de cenografia e efeitos visuais foram despedidas, ou demitiram-se, afirma a notícia. Fontes citadas pelo mesmo meio descrevem o ambiente como sendo de "absoluta loucura".
Para garantir o controlo absoluto, o cineasta de 83 anos decidiu financiar o projeto de 120 milhões de dólares do seu bolso - graças ao bem sucedido negócio de produção de vinho e hotelaria a que se dedicou nas últimas décadas - mas ainda não tem distribuidor garantido.
Megalopolis" é uma paixão antiga do realizador de "O Padrinho" e centra-se num arquitecto que, após um desastre, procura reconstruir Nova Iorque como uma utopia. Adam Driver, Nathalie Emmanuel, Forest Whitaker, Laurence Fishburne, Jon Voight, Talia Shire, Shia LaBeouf, Jason Schwartzman e Dustin Hoffman integram o elenco.
A imprensa norte-americana diz que um dos problemas surgiu da mudança de planos no que respeita aos efeitos visuais. Coppola começou por empregar cenários digitais, uma tecnologia semelhante à usada na série "The Mandalorian". Custos e outros imprevistos forçaram o recuo para formatos mais baratos e tradicionais. No meio de tudo isto, as equipas responsáveis pelo aspeto visual do filme saíram e vão ser substituídas.
É impossível olhar para estes dramas sem recordar problemas semelhantes que afetaram a carreira de Francis Ford Coppola. A caótica rodagem de "Apocalypse Now", em 1979, é talvez o caso mais conhecido e está profundamente documentado em "Hearts of Darkness: A Filmmaker's Apocalypse", de Fax Bahr. Mas existem outros casos.
Em 1982, o musical "One From the Heart" levou à falência a produtora Zoetrope, que Coppola havia fundado na década anterior com George Lucas, e dois anos depois a rodagem de "Cotton Club" arrastou-se entre problemas de dinheiro, despedimentos e lutas legais.
Mais assustador é pensar que Coppola não assina um filme de sucesso, nem na bilheteira, nem junto da crítica, desde 1992, quando estreou "Drácula". E, claro, que tem 83 anos e nunca realizou um filme com tantos efeitos visuais como "Megalopolis".