Publicado em 11 Abr. 2013 às 11:00, por filmSPOT, em Notícias de televisão e séries
Entre 22 e 26 de abril, uma série de documentários de produção própria dá a conhecer alguns dos momentos marcantes da história portuguesa do século XX.
A programação do canal História em abril celebra a revolução dos cravos com uma série de programas de produção própria sobre os momentos mais marcantes da política portuguesa durante o século XX.
No rescaldo da II Guerra Mundial, o domínio colonial das potências europeias sobre os territórios africanos e asiáticos começa a ser posto em causa. Um forte movimento ideológico e político, "os Não Alinhados", surge para que todos os territórios ocupados se tornem independentes.
Em 1961, Portugal perde o Estado Português da Índia como consequência da irredutibilidade de Salazar para negociar uma solução satisfatória para ambas as partes.
Extremado nas suas posições, escreve ao governador Vassalo e Silva que "só aceitará soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos". Esta atitude de desprezo pela vida humana repete-se quando em Angola começaram a surgir os mesmos ventos de libertação.
A 4 de Fevereiro de 1961, a revolta em Luanda, com ataques à Casa de Reclusão, ao Quartel da Polícia e à Emissora Nacional, marca o início da luta armada em Angola. Mais tarde, novos ataques levam Salazar a falar novamente aos militares, e ao povo português: "Para Angola, rapidamente e em força".
A diplomacia foi, mais uma vez, posta de parte. Aquela frase enviou para a guerra, num território desconhecido, apesar de ser juridicamente português, um milhão de soldados em treze anos.
Durante esse intervalo de tempo um país pequeno, ruralizado, com muitos analfabetos e fechado sobre si mesmo, manteve três frentes de combate a mais de seis mil quilómetros.
Para muitos combatentes, África era um território seu como se aprendia nos livros da escola primária. Dos efeitos da guerra, pouco se falava. Mas quando começaram a chegar os estropiados, e quando as cerimónias do 10 de Junho trouxeram condecorações póstumas, a opinião começou a mudar, lentamente.
A guerra ia, ano após ano, modificando as vidas daqueles que por ela passavam, directa ou indirectamente. Até abril de 74, data em que se assinala o princípio da retirada das tropas portuguesas que, até novembro de 75, ainda sofrerão mais de quatro centenas de mortos.
Emissão: segunda-feira 22 de abril, às 21h05. Repete terça-feira 23 de abril, às 04h00, 11h35 e 16h45.
Em Portugal não há memória de outro sistema político para além do republicano.
A monarquia caiu há 103 anos e, desde então, os homens de sangue azul não voltaram a controlar a nação. Mas antes de 5 de outubro de 1910, o poder da realeza em Portugal via-se gravemente ameaçado.
A 1 de fevereiro de 1908, o Rei Carlos e o príncipe D. Luís foram assassinados em Lisboa. Os dois anos seguintes foram de liderança débil, dirigidos por D. Manuel, que provavelmente nunca pensou assumir o trono e muito menos numa idade tão jovem.
Este momento sangrento é o ponto de partida para a análise de um momento em que a porta está aberta para a mudança permanente.
Porque caiu a monarquia e como se estabeleceu um regime republicano que mantinha quase todos os vícios da monarquia? As respostas são dadas pelas personagens principais deste drama. O testemunho dos descendentes dos primeiros presidentes da República e dos últimos chefes de Estado irá ajudar-nos a compreender as três etapas diferentes do exercício do poder: a instabilidade da primeira etapa Republicana, a ditadura, e a estabilidade conseguida após a revolução.
Emissão: terça-feira 23 de abril, às 21:05h. Repete quarta-feira 24 de abril, às 04h00, 11h35 e 16h45.
"Sua Ex.ª Senhor Presidente da República, dá-me licença que use da palavra nesta cerimônia em nome dos estudantes da Universidade de Coimbra?" O pedido foi feito por Alberto Martins, então presidente da Associação Acadêmica de Coimbra, ao Presidente Américo Tomaz. A palavra foi-lhe negada e a cerimónia terminou.
Estávamos a 17 de Abril de 1969 e o dia tornar-se-ia histórico para os estudantes universitários de Coimbra e para todos os portugueses. Aquela simples cerimónia de inauguração do Edifício das matemáticas da Universidade de Coimbra, transformou-se num dos momentos mais importantes na resistência à ditadura. A recusa das autoridades em ouvir os estudantes acendeu um rastilho de indignação que acabaria por mergulhar Coimbra num estado generalizado de desobediência cívica.
As tradicionais receitas repressivas do Estado para controlar a revolta não só falharam, como ainda serviram para reforçar a unidade estudantil sob o domínio da esquerda, contra a direita fascista.
O que aconteceu aos estudantes de então? O canal História procurou os protagonistas nas fotografias e relatos da época para ouvir, na primeira pessoa, os relatos de um episódio que mudou a História de Portugal.
Quarenta anos depois, recorda-se um tempo de censura e vozes silenciadas, mostra-se como esse foi ainda um tempo de coragem e de determinação em que jovens estudantes sonhadores lutaram contra os poderes instituídos.
Emissão: quarta-feira 24 de abril, às 21h05. Repete quinta-feira 25 de abril, às 04h00, 11h35 e 16h45.
O dia 25 de Abril de 1974 ditou o fim da ditadura e o início de um país livre, democrático e sem repressões. Uma operação levada a cabo por um grupo de militares portugueses que ousaram desafiar o regime, escrevendo uma das páginas mais marcantes da história de um país. Um dia incontornável para Portugal, revisitado pela voz de muitos dos que trouxerem para a rua a Revolução dos Cravos.
Emissão: quinta-feira 25 de abril, 21h05. Repete sexta-feira 26 de abril, às 04h00, 11h35 e 16h45.
No Verão de 1975 paira sobre Portugal um desconforto e uma tensão latentes. A seguir à euforia do ano anterior, chegaram as verdadeiras revoltas.
Multiplicam-se as greves e manifestações. As relações deterioram-se. O Verão de 1975 é marcado por ataques às sedes dos partidos políticos, principalmente as do PCP situadas no Norte.
No Sul, muitas terras e habitações do Alentejo são ocupadas por trabalhadores rurais à procura de uma melhor forma de subsistência.
Na cidade de Lisboa, um grupo feminista manifesta-se e queim tachos, panelas e soutiens, símbolos da antiga forma como as mulheres são vistas. A 12 de Novembro um grupo de trabalhadores cerca a Assembleia Constituinte com os deputados lá dentro.
Quando estes saem, ao fim de algumas horas de clausura, são apupados à porta. Todos, menos os deputados do PCP.
Os militares estão atentos aos sinais. A 5ª Divisão do Estado-Maior das Forças Armadas publica no seuboletim oficial: "Queremos o Socialismo, sim…mas não o da Suécia, da Noruega ou da Holanda….O Socialismo que queremos é o da RDA, da Polónia, Bulgária, Roménia…"
Esta sucessão de episódios vai acelerar o desfecho do Período Revolucionário em Curso (O PREC). A 25 de Novembro as tropas estão de novo nas ruas, mas não todas do mesmo lado. Dois entendimentos diferentes de Liberdade e de Democracia confrontam-se no Portugal de 1975. Neste confronto existe a possibilidade de Portugal, membro fundador da Nato, entrar para a lista dos países comunistas.
Do lado de lá do Oceano, os EUA assistem apreensivos ao desenrolar dos acontecimentos. Chega a colocar-se a hipótese de invadir o país.
Terá sido mesmo assim? O PCP avançou para o conflito, ou temeu uma guerra civil? Porquê? Terá a a Espanha pensado mesmo em dominar a desordem no país vizinho, sobretudo depois da vandalização da sua embaixada em Lisboa?
E se no 25 Novembro de 1975 Portugal se tivesse tornado num país comunista, aliado da URSS? Como seria a Diplomacia nos últimos anos da Guerra-Fria?
Emissão: sexta-feira 26 de abril, às 21h05. Repete sábado 27 de abril, às 04h00 e às 16h45.