Cavaleiros de outra galáxia e pescadores do norte de França: é assim "L'Empire" o novo filme de Bruno Dumount

Apresentada como uma versão sarcástica e louca de "Star Wars", a 11.ª longa-metragem de ficção do realizador francês Bruno Dumont combina a ficção científica e o fantástico com a mais banal das localidades costeiras do norte de França, num registo surrealista muito próximo ao que apresentou nas suas obras anteriores "O Pequeno Quinquin" e "Ma Loute".

"L'Empire" coloca os habitantes de uma aldeia piscatória no norte da França, junto ao Canal da Mancha, perante a invasão de um império de outra galáxia.

O filme exibe os ingredientes habituais do género com doses generosas de espadas de luz, naves que parecem catedrais, cavaleiros galantes e imperadores loucos pelo poder, mas Dumout contrapõe-lhes diálogos pomposos ditos no mais cabotino dos tons que alternam com as interjeições dos habitantes locais, atordoados por tanta agitação.

No elenco, onde brilham atores profissionais e amadores, estão Camille Cottin, nomeada para os prémios César do cinema francês em 2016 na categoria de atriz revelação, com presença no recente "Mistério em Veneza", e em "A Casa de Gucci"; Lyna Khoudri, César 2020 na categoria de atriz revelação e prémio de melhor atriz na secção Horizontes do Festival de Veneza em 2017 por "Les bienheureux"; Anamaria Vartolomei, a estrela do premiado "O Acontecimento", e Fabrice Luchini, melhor ator em Veneza em 2015 com "O Senhor Juiz" e que já trabalhara com Bruno Dumont em "Ma Loute".

A rodagem teve a sua dose de polémica com o abandono do projeto pela atriz Adèle Haenel que deixou no ar acusações de atitudes "obscuras, sexistas e racistas", e uma "desconsideração geral pela perspetiva não branca".

Espera-se que "L'Empire" estreie nos cinemas em 2024.