Woody Allen na primeira pessoa: "não abusei de Dylan"
Publicado em 8 Fev. 2014 às 08:27, por Samuel Andrade, em Notícias de cinema (Temas: Celebridades, Bastidores)
O realizador responde às acusações de Dylan Farrow e expõe a sua versão da história do alegado abuso.
Em resposta à carta aberta de Dylan Farrow, publicada no blog do jornalista Nicholas Kristof no The New York Times, Woody Allen encontrou, precisamente na mesma publicação, o espaço ideal para apresentar a sua defesa perante as acusações de abusos sexuais que sobre ele recaíram.
Numa longa exposição dos factos, e sempre em tom confessional, Allen recorda os sentimentos vividos aquando da primeira acusação, em 1993, a batalha legal que depois travou com Mia Farrow e a circunstância de ter perdido a custódia dos filhos adotivos, salientando sempre que nunca foi, antes ou depois dos acontecimentos em causa, condenado por abuso sexual de crianças.
Do texto, que pode ser lido na íntegra aqui, destaca-se a descrição do primeiro exame médico a Dylan Farrow. Na altura com sete anos, a menina "contou ao médico que não fora molestada. Mia [Farrow] levou Dylan para comer um gelado, e quando regressaram a criança tinha alterado a sua história".
Allen refere ainda o testemunho de Moses Farrow, irmão de Dylan, sobre como esta "gostava dele [Allen] e se alegrava de cada vez que ele a ia visitar".
"Ela nunca se escondeu dele até ao momento em que a nossa mãe conseguiu criar uma atmosfera de medo e ódio contra ele", escreve Allen citando Moses.
O realizador centra também as atenções dos leitores para o local onde os supostos abusos ocorreram. Segundo Allen, "Mia escolheu o sótão da sua casa de campo, um sítio onde ela devia saber que eu nunca iria por ser pequeno, atafulhado e fechado, onde mal se consegue estar de pé, e eu sofro de grande claustrofobia. Só lá fui uma ou duas vezes, a pedido dela, para procurar alguma coisa, e nunca me demorava".
Naquela que será a única e final declaração pública de Woody Allen sobre as acusações de Dylan Farrow, o realizador termina o direito de resposta afirmando categoricamente, "não abusei de Dylan. Amava-a muito e espero que, um dia, ela consiga entender como foi enganada por ter um pai extremoso, e explorada por uma mãe mais interessada em alimentar a sua cólera do que no bem-estar da filha. (…) Ninguém quer desencorajar vítimas de abuso sexual a falarem publicamente, mas não nos podemos esquecer que, por vezes, há pessoas erradamente acusadas e tal é também algo de terrivelmente destrutivo".
