Publicado em 20 Dez. 2022 às 19:14, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Primeiro olhar, Cinema Europeu)
O cineasta de "O Espírito da Colmeia" regressa com um filme sobre identidade e memória em torno do desaparecimento de um ator.
Desde "O Sonho da Luz, o Sol do Marmeleiro" (El sol del membrillo), há 30 anos, que Víctor Erice não dirigia uma longa metragem. Com uma carreira dispersa e composta, em grande parte, por curtas e segmentos de obras coletivas (como foi o caso de "Centro Histórico", encomendado pela cidade de Guimarães em 2012 e com autoria partilhada com Manoel de Oliveira, Pedro Costa e Aki Kaurismäki), esta será apenas a quarta longa-metragem do basco que começou a filmar ainda nos anos 60.
Agora, o realizador espanhol coloca-se novamente atrás da câmara para narrar a história de um desaparecimento que gira em torno dos temas da identidade e memória, com guião do próprio Víctor Erice e de Michel Gaztambide - argumentista de "A Linha Invisível" sobre o primeiro ataque terrorista da ETA.
O elenco é liderado por Manolo Solo, juntamente com José Coronado e Ana Torrent, que se estreou ainda criança com Erice em "O Espírito da Colmeia", em 1973.
"Cerrar los ojos" terá lançamento nas salas de cinema em 2023. Foi rodado em vários locais de Granada, Almería e nas Astúrias, antes de passar para Alcalá de Henares, onde será concluído.
A sinopse dá conta do desaparecimento de um famoso actor espanhol durante a rodagem de um filme. O corpo nunca é encontrado e a polícia conclui que sofreu um acidente à beira mar. Muitos anos depois, o mistério regressa como resultado de um programa de televisão que visa evocar a figura do actor, oferecendo, pela primeira vez, imagens das últimas cenas em que participou, filmadas pelo seu amigo íntimo, o realizador Miguel Garay.
Erice não precisou de filmar muito para garantir um lugar destacado na história do cinema. "O Espírito da Colmeia", crítica à sociedade rural do país, jogada arriscada ainda nos tempos de Franco, é considerado um dos melhores filmes espanhóis de sempre.
"O Sonho da Luz, o Sol do Marmeleiro", foi prémio do júri e prémio da crítica internacional no Festival de Cannes 1992.
Em 1993, Erice recebeu o Prémio Nacional de Cinematografia, em Espanha, e dois anos depois a Medalha de Oro das Belas Artes.
Em 2014, o Festival de Cinema de Locarno premiou-o com o Leopardo de Honra pelo conjunto da sua carreira como cineasta.