Publicado em 28 Abr. 2020 às 11:44, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Cinema Português)
A Medeia Filmes disponibiliza a 1 de maio o filme de Thomas Harlan sobre a ocupação de uma vasta herdade ribatejana por trabalhadores agrícolas logo após o 11 de março de 1975.
No contexto das comemorações do 46.º aniversário da Revolução de Abril, a Medeia Filmes, em programa especial extra da sua "Quarentena Cinéfila", disponibilizará no seu site, gratuitamente, das 9h00 de 1 de Maio à meia-noite do dia 3, o "filme mítico de uma ocupação mítica", "Torre Bela", do realizador alemão Thomas Harlan, "um dos mais fabulosos documentários da história do cinema", como afirmou Paulo Branco, que o estreou em sala, em 1979 em França, e em 2007, em Portugal.
Através do seu site, a Medeia disponibilizará ainda duas conversas em torno do filme. Uma que teve lugar a seguir à projeccção no LEFFEST - Lisbon & Sintra Film Festival, em novembro de 2018, com Paulo Branco, Chester Harlan, o filho do realizador, Roberto Perpignani, montador do filme, José Manuel Costa, director da Cinemateca, Francisco Bairrão Ruivo, historiador, Wilson Filipe, figura central do filme, Otelo Saraiva de Carvalho, capitão de abril e um dos principais estrategas do movimento, e alguns dos apoiantes da ocupação da Torre Bela, como Camilo Mortágua, na altura militante da LUAR, e o cantor de intervenção Francisco Fanhais.
Na plateia estavam algumas dezenas de habitantes das aldeias de Maçussa e Manique do Intendente, vizinhas da Torre Bela, que participaram na ocupação e no filme de Harlan.
A outra conversa aconteceu há precisamente um ano, no cinema Medeia Monumental, com José Filipe Costa, o realizador de "Linha Vermelha" (2011) - documentário que "revisita" Torre Bela, e os historiadores e investigadores Rita Luís e Francisco Bairrão Ruivo.
"Torre Bela" documenta acontecimentos de abril de 1975, quando camponeses sem terra e sem trabalho, muitos deles analfabetos, ocuparam a herdade da Torre Bela, propriedade do Duque de Lafões localizada no Ribatejo. Em mais de mil e quinhentos hectares onde nada se cultivava, constituíram uma cooperativa, numa acção espontânea que durou 572 dias e teve a colaboração do Movimento das Forças Armadas.
O realizador alemão Thomas Harlan filmou a ocupação, ao longo de oito meses.
Estreado em 1977 no Festival de Cannes, "Torre Bela" conheceu várias versões. Thomas Harlan foi sempre remontando, com o italiano Roberto Perpignani, as dezenas de horas de filmagens efetuadas em super 8, depois ampliadas para formatos de exibição em sala.
A versão inicial, de Cannes, tinha 139 minutos. Em Portugal, salvo algumas projecções esporádicas, na Cinemateca e em alguns cineclubes, só seria distribuído em 1999, por ocasião do 25º aniversário do 25 de Abril, num DVD incluído com o jornal Público, numa versão mais curta, de apenas 82 minutos.
"Torre Bela" acabaria por estrear nas salas portuguesas em 2007, pela mão de Paulo Branco, numa versão que ficaria por isso conhecida como a "versão portuguesa", com 110 minutos, correspondente àquela que, na altura, o realizador Thomas Harlan sugeriu ao produtor e distribuidor português.
Em 2018, integrada no programa especial "O Desejo Chamado Utopia", o LEFFEST - Lisbon & Sintra Film Festival, organizou uma projecção do filme numa nova versão, depositada por Thomas Harlan na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, com a duração de 136 minutos. Roberto Perpignani fala ainda de uma outra montagem em que ele trabalhou, que terá à volta de quatro horas, mas cujo paradeiro se desconhece.