Sistema informático da Sony Pictures invadido por piratas - Coreia do Norte é suspeita

O sistema informático da major norte-americana Sony Pictures foi invadido por piratas informáticos na passada segunda-feira. Uma mensagem de um grupo identificado como "The Guardians of Peace" (Os Guardiões da Paz) surgiu nos ecrãs dos computadores dos empregados da empresa a ameaçar a revelação de ficheiros confidenciais.

Os piratas informáticos também sequestraram - durante um curto período de tempo - pelo menos três contas do Twitter geridas pela Sony Pictures. Em cada uma deixaram a mesma mensagem, com referência ao nome do presidente executivo da empresa: "Vós, os criminosos incluindo Michael Lynton irão certamente para o inferno. Ninguém vos pode ajudar".

Segundo o site Ars Technica, que publicou a notícia, o sistema informático da Sony Pictures poderá ficar inativo durante várias semanas.

Vários ficheiros alegadamente roubados à Sony Pictures terão sido lançados na plataforma reddit e partilhados entre os utilizadores. Entre os dados disponibilizados estarão passwords, cópias de passaportes de atores que trabalham em filmes da Sony e até programas de televisão pirateados, pertencentes a outros estúdios.

Entretanto, esta sexta-feira, o site Re/Code menciona "fontes ligadas ao assunto" segundo as quais o estúdio e consultores externos de segurança estão a explorar a possibilidade de os responsáveis terem sido hackers chineses ao serviço da Coreia do Norte.

De acordo com essas fontes "a ligação à Coreia do Norte ainda não foi confirmada, mas também não está afastada".

A Sony Pictures Entertainment emitiu apenas um comunicado, na quinta-feira, onde admitia ter sofrido "uma interrupção do sistema, que estamos a resolver com a maior diligência".

Trailer "The Interview"

A major prepara-se para lançar em dezembro a comédia "The Interview" (Uma Entrevista de Loucos), com Seth Rogen e James Franco, sobre um jornalista e um produtor de televisão que conseguem uma rara oportunidade para entrevistar o líder norte-coreano e acabam involuntariamente envolvidos numa conspiração para o assassinar.

A longo dos últimos meses, vários representantes e meios ao serviço do governo da Coreia do Norte fizeram saber do seu desagrado em relação ao filme.

Em junho, Kim Myong-chol, do Centre for North Korea-US Peace disse numa entrevista ao jornal britânico The Telegraph que: "Um filme sobre o assassinato de um líder estrangeiro copia o que os EUA fizeram no Afeganistão, no Iraque, na Síria e na Ucrânia. E não nos esqueçamos quem matou Kennedy - os americanos".

Poucos dias depois, as autoridades norte-coreanas emitiram uma declaração oficial que apelidava o filme de "O mais indisfarçável terrorismo e uma ação de guerra" e ameaçaram com uma "retaliação impiedosa".

Em julho, Ja Song Nam, embaixador norte-coreano nas Nações Unidas, pediu que o filme fosse banido.

Já esta semana, o site uriminzokkiri.com, controlado pelo regime, refere-se a "The Interview" como "um ato maligno de provocação contra a nossa digna república  e um insulto contra o nosso justo povo".

"The Interview" (Uma Entrevista de Loucos) estreia em Portugal a 29 de janeiro.