Cartaz de cinema

Retrospetiva Roy Andersson em outubro na Cinemateca Portuguesa

Publicado em 16 Set. 2020 às 11:31, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Cinema Europeu, Ciclos de cinema)

Retrospetiva Roy Andersson em outubro na Cinemateca Portuguesa

O ciclo dedicado ao realizador sueco antecipa a estreia comercial do seu mais recente filme, "Da Eternidade".

A Cinemateca Portuguesa- Museu do Cinema organiza em outubro de 2020 uma retrospetiva quase integral dedicada a Roy Andersson, antecedendo a estreia comercial nas salas portuguesas do mais recente filme do realizador sueco, "Da Eternidade", marcada para 15 de outubro.

O ciclo "Vocês, Que Vivem – Os Filmes de Roy Andersson" é organizado em parceria com a Alambique, distribuidora dos filmes de Roy Andersson desde "Canções do Segundo Andar", e arranca precisamente com a exibição de "Da Eternidade", a 1 de outubro, às 21h30, em antestreia nacional.

Até 9 de outubro será possivel descobrir na Cinemateca o universo de Andersson através de seis longas-metragens e de um programa que reúne cinco curtas-metragens realizadas pelo cineasta em momentos diferentes do seu percurso.

Nascido em 1943, Roy Andersson teve estreia em grande no cinema sueco em 1970 com a longa "Uma História de Amor", ode à liberdade e ao idealismo adolescente muito sintonizada com o zeitgeist do final dos anos 1960 que se tornou num enorme sucesso de público na Suécia e fora dela.

A má receção crítica e comercial "De Giliap", a segunda longa, levou-o a afastar-se do cinema voluntariamente durante mais de 20 anos, dedicando-se a realizar spots televisivos onde apurou um estilo visual e uma forma narrativa que foram explorados quando regressou à sétima arte em 2000 com "Canções do Segundo Andar", título que inaugurou a chamada "trilogia dos vivos".

O estilo bastante próprio faz de Roy Andersson um dos mais importantes realizadores suecos da atualidade.

Calendário da retrospetiva Roy Andersson na Cinemateca Portuguesa (outubro 2020)

Quinta-feira, 1 de outubro, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro

OM DET OÄNDLIGA

Da Eternidade

de Roy Andersson

com Bengt Bergius, Anja Broms, Marie Burman

Suécia, 2019 – 78 min / legendado em português | M/12

O mais recente filme de Roy Andersson é uma reflexão sobre a vida humana em toda a sua beleza e crueldade, o seu esplendor e a sua banalidade. Nele deambulamos, como que num sonho, suavemente conduzidos pela voz de uma narradora através de momentos inconsequentes e de eventos históricos: um casal flutua sobre uma cidade devastada pela guerra; a caminho de uma festa de aniversário, um pai pára à chuva para apertar os atacadores dos sapatos da filha; raparigas adolescentes dançam à porta de um café; um exército derrotado marcha para um campo de prisioneiros de guerra. Simultaneamente uma ode e um lamento, DA ETERNIDADE apresenta-nos um caleidoscópio de tudo o que é eternamente humano, uma história infinita da vulnerabilidade da existência. O filme recebeu o Leão de Prata para Melhor Realizador no Festival de Veneza de 2019.

Sexta-feira, 2 de outubro, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro

Terça-feira, 6 de outubro, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro

 

EN KÄRLEKSHISTORIA

"Uma História de Amor"

de Roy Andersson

com Ann-Sofie Kylin, Rolf Sohlman, Anita Lindblom

Suécia, 1970 – 115 min / legendado eletronicamente em português | M/16

A primeira longa-metragem de Roy Andersson narra a história de Annika (Ann-Sofie Kylin) e Par (Rolf Sohlman), dois adolescentes idealistas a viver o seu primeiro amor. Resistindo à pressão e ao cinismo dos pais e às pressões sociais, o jovem casal deste coming of age cria a sua própria realidade, alheia às tensões do mundo adulto que os rodeia. Tendo conhecido um enorme sucesso à época de estreia, este drama social romântico tornou-se um filme de culto e assim permaneceu mesmo após o nome de Roy Andersson ter sido quase esquecido durante o longo silêncio que se impôs entre GILIAP e CANÇÕES DO SEGUNDO ANDAR.

Sábado, 3 de outubro, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro

 

GILIAP

de Roy Andersson

com Thommy Berggren, Mona Seilitz, Willie Andréason, Lars-Levi Læstadius

Suécia, 1975 – 137 min / legendado eletronicamente em português | M/16

As atribulações de um criado de hotel numa pequena cidade. Misturando registos (da comédia negra ao drama romântico, com umas pinceladas de film noir), a segunda longa-metragem de Andersson foi à altura da estreia um desastre comercial e crítico, pois esta "guinada" em relação ao anterior EN KÄRLEKSHISTORIA desapontava os fãs que esperavam novamente "uma história de amor sueca". Andersson, frustrado, afastou-se do cinema e não voltou a realizar uma longa-metragem durante 25 anos. Um filme a redescobrir.

 

Quarta-feira, 7 de outubro, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro

CURTAS-METRAGENS DE ROY ANDERSSON

BESÖKA SIN SON / "Visita ao Filho"

HÄMTA EN CYKEL / "Levar a Bicicleta"

LÖRDAGEN DEN 5.10 / "Sábado, 5/10"

HÄRLIG ÄR JORDEN / "Linda É a Terra"

NÅGONTING HAR HÄNT / "Aconteceu Alguma Coisa"

A sessão reúne um conjunto de cinco curtas-metragens realizadas por Roy Andersson em momentos muito diferentes do seu percurso. As primeiras três foram feitas durante a passagem de Andersson pela escola de cinema e devem muito temática e formalmente à influência das novas vagas (em particular da Europa de Leste). Em BESÖKA SIN SON, um casal vai conhecer, com um olhar muito crítico, a residência universitária do filho. HÄMTA EN CYKEL fala do amanhecer de um jovem casal e de uma bicicleta que tem de ser trazida do sótão.   Igualmente minimal, LÖRDAGEN DEN 5.10 acompanha o quotidiano de um homem ao longo de 24 horas. Feita depois de um longo hiato em que Andersson esteve quase totalmente afastado do cinema, HÄRLIG ÄR JORDEN é a curta que anuncia a segunda fase da obra do realizador com o recurso a narrativas fragmentárias, tom tragicómico, longos planos fixos e composições de inspiração pictórica que, a partir de CANÇÕES DO SEGUNDO ANDAR, se tornaram a sua assinatura de autor imediatamente reconhecível. NÅGONTING HAR HÄNT é um filme educativo sobre a SIDA encomendado a Andersson pelo Ministério da Saúde da Suécia mas que acabou por não ser difundido por causa do seu conteúdo controverso.

    

Quinta-feira, 8 de outubro, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro

SÅNGER FRÅN ANDRA VÅNINGEN

Canções do Segundo Andar

de Roy Andersson

com Lars Nordh, Stefan Larsson, Bengt C.W. Carlsson

Suécia, 2000 – 98 min / legendado em português | M/16

Num fim de tarde tem lugar uma estranha série de acontecimentos ilógicos: um amanuense é despedido de modo degradante; um imigrante perdido é atacado violentamente numa rua movimentada; um ilusionista comete um erro no seu número... Quando CANÇÕES DO SEGUNDO ANDAR saiu da edição de 2000 do Festival de Cannes com o Grande Prémio do Júri, deixou a sensação de ali se ter redescoberto um autor singular, cujas pequenas histórias do quotidiano levadas ao limite do surreal, evocavam simultaneamente o burlesco em câmara lenta de Jacques Tati, o absurdo dos Monty Python e o austero existencialismo nórdico. A abrir a sessão, cinco anúncios publicitários realizados por Roy Andersson, faceta que lhe mereceu os elogios de Ingmar Bergman.  

 

Quinta-feira, 8 de outubro, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro

DU LEVANDE

Tu, que Vives

de Roy Andersson

com Jessica Lundberg, Elisabet Helander, Björn Englund

Suécia, 2007 – 95 min / legendado em português | M/12

Prolongando o estilo e a forma que definem inconfundivelmente os filmes de Roy Andersson a partir de CANÇÕES DO SEGUNDO ANDAR, DU LEVANDE aborda a grandeza e miséria, alegria e tristeza, autoconfiança e ansiedade humanas em micro-histórias contadas em plano fixo: "Rimos desse Homem mas também o choramos. É apenas uma comédia trágica ou uma tragédia cómica sobre nós próprios" (Roy Andersson).

    

Sexta-feira, 9 de outubro, 22h00 | Sala M. Félix Ribeiro

EN DUVA SATT PÅ EN GREN OCH FUNDERADE PÅ TILLVARON

Um Pombo Pousou num Ramo a Reflectir na Existência

de Roy Andersson

com Holger Andersson, Nils Westblom, Viktor Gyllenber

Suécia, 2014 – 101 min / legendado em português | M/14

Como um D. Quixote e um Sancho Pança dos nossos tempos, Sam e Jonathan, dois caixeiros-viajantes vendendo artigos de diversão, levam-nos numa viagem caleidoscópica pelo destino dos humanos. Uma viagem que nos mostra a beleza de alguns momentos, a mesquinhez de outros, o humor e a tragédia que faz parte de nós, a grandeza da vida bem como a fraqueza da humanidade. Vagueamos por este fecho da "Trilogia do Viver", iniciada com CANÇÕES DO SEGUNDO ANDAR e continuada com TU, QUE VIVES, saboreando a beleza e o absurdo de estarmos aqui e agora, rodeados por outros demasiado iguais a  nós. Leão de Ouro do Festival de Veneza.