Publicado em 13 Dez. 2014 às 23:52, por filmSPOT, em Notícias de cinema
Vinte dias após o ataque ao sistema informático da Sony Pictures, fazemos um resumo dos escândalos e dramas que vieram a público.
O sistema informático da Sony Pictures Entertainment (SPE), um dos seis grandes estúdios norte-americanos, foi vítima de um ataque por piratas informáticos não identificados a 24 de novembro.
Os hackers penetraram em profundidade nos sistemas de correio eletrónico e nos arquivos de vários departamentos e retiraram milhares de documentos, dados pessoais de funcionários e colaboradores da empresa, trocas de e-mails e relatórios contabilísticos.
A SPE apresentou queixa às autoridades federais norte-americanas que, até agora, ainda não foram capazes de identificar os autores, apesar de suspeitas de que a Coreia do Norte possa estar envolvida. O regime de Pyongyang emitira várias ameaças contra o estúdio na sequência do filme "The Interview", onde Seth Rogen e James Franco interpretam os papéis de um produtor e de um jornalista de televisão que conspiram para assassinar o líder norte-coreano.
Ao longo das últimas semanas, aos poucos, os piratas têm vindo a divulgar o produto do golpe. O resultado varia em interesse. Começa por ser uma sucessão de embaraços para a Sony que vê tornados públicos comentários e opiniões que não deveriam sair do âmbito privado. Mas também nos dá um raro olhar sobre o funcionamento de uma major, o modo de agir dos agentes envolvidos no negócio do entretenimento, de presidentes e executivos de topo, a produtores, atores, realizadores e relações públicas.
Vinte dias após o ataque, o filmSPOT faz um resumo dos principais temas e controvérsias que surgiram do escândalo Sony.
As redes informáticas da Sony Pictures Entertainment são tomadas por um grupo de se auto-intitula #GOP (Guardians of Peace). Algumas contas nas redes sociais também são pirateadas, mas rapidamente a SPE consegue retomar o controlo. No entanto, toda a empresa fica impedida de utilizar os computadores e pára. O grupo de hackers anuncia que roubou uma elevada quantidade de dados importantes.
Surgem na imprensa norte-americana as primeiras referências a uma possível ligação da Coreia do Norte ao ataque relacionadas com o filme "The Interview".
Cinco filmes da Sony Pictures aparecem online em sites de partilhas de ficheiros. Inclui o recentemente estreado "Fury", com Brad Pitt, e quatro longas-metragens ainda por estrear: "Mr. Turner", "Still Alice", "To Write Love on Her Arms" e o musical "Annie".
O The Wall Street Journal cita pessoas com conhecimento da investigação ao caso Sony que referem que os códigos usados pelos piratas são semelhantes aos empregues num ataque a estações de televisão e caixas automáticas na Coreia do Sul, em 2013, que o governo de Seul considerou ter vindo do seu vizinho mais a norte.
São divulgados ficheiros com os salários dos principais executivos da SPE.
Chega a notícia de que os números da segurança social de 47 mil pessoas ligadas à SPE cairam nas mãos dos piratas. Alguns nomes são bem conhecidos como é o caso de Sylvester Stallone.
Uma notícia publicada no Variety dá conta que funcionários da SPE receberam ameaças por e-mail.
Um porta-voz oficial do regime norte-coreano, em declarações à agência de notícias local e citado pelo The New York Times, nega o envolvimento do seu país no ataque, mas considera-o "justo e correto".
Uma enorme lista com alegados pseudónimos de atores e atrizes é divulgado.
Surge no site Gawker a troca de correspondência entre Amy Pascal - uma das presidentes do estúdio - e o produtor Scott Rudin (responsável por "Moneyball" e "Capitão Phillips", sobre a adaptação ao cinema da biografia de Steve Jobs.
Pascal afirma que Angelina Jolie estava aborrecida por David Fincher ir realizar "Jobs" em vez do seu projeto "Cleópatra". Rudin reagiu chamando-lhe "criancinha mimada com pouco talento" e apontou também armas à jovem produtora e fundadora da Annapurna Films (uma das empresas parceiras da Sony Pictures), Megan Ellison apelidando-a de "lunática bipolar de 28 anos".
No seguimento da conversa, Pascal e Rudin chegaram mesmo a esgrimir insultos e ameaças.
Fincher abandonou mesmo a biografia do fundador da Apple e o projeto mudou-se de armas e bagagens para a Universal onde Danny Boyle (como realizador) e Michael Fassbender (protagonista) irão avançar com o argumento de Aaron Sorkin (o mesmo de "A Rede Social").
Surge a noticia de que uma cena particularmente violenta do filme "The Interview" passou pela aprovação de Kazuo Hirai, o CEO da Sony, no Japão. O mesmo executivo da casa-mãe, deu, no entanto, instruções para que essa cena fosse cortada da versão e ser exibida fora dos EUA.
O escândalo da troca de e-mails entre o produtor Scott Rudin e a presidente da Sony Pictures, Amy Pascal, passa para o campo racial quando o Buzzfeed revela os comentários de ambos sobre os gostos cinematográficos do presidente Obama.
Pascal questionou Rudin sobre o que deveria perguntar a Obama num "estúpido pequeno-almoço" de angariação de fundos organizado por Jeff Katzenberg, chefe da Dreamworks Animation.
O que se segue é uma troca de piadas sobre se o presidente preferiria apenas filmes protagonizados por atores afro-americanos. No mesmo dia, Pascal e Rudin apresentaram desculpas sobre o teor da conversa.
O Bloomberg afirma que entre os documentos roubados pelos piratas informáticos estão os dados médicos de funcionários da empresa bem como das respetivas esposas e filhos.
Também no Bloomberg, um outro e-mail, desta vez do marido de Amy Pascal, o antigo jornalista do The New Tork Times, Bernie Weinraub, mostra como foi despedido o responsável pela comunicação da Sony Pictures Entertainment.
Em novembro, Pascal ficou fora de uma mesa redonda organizada pelo The Hollywoord Reporter com alguns dos líderes dos grandes estúdios. Weinraub não gostou e disse num e-mail dirigido a Pascal: "Se fosse a ti despedia o teu tipo das Relações Públicas, imediatamente". A mensagem passou para o Diretor de Recursos Humanos com o comentário "Ele tem razão", assinado por Pascal. Seis dias mais tarde, Charles Sipkins era despedido.
Entretanto, o site The Verge começou a analisar o que poderá ser o mais importante bloco de documentos tornados públicos após ao ataque à Sony: correspondência que envolve a MPAA, a associação que representa os interesses das seis majors norte-americanas - Disney, Fox, Warner Bros, Paramount, Universal e Sony - e os altos quadros dirigentes dos estúdios, acerca de um tal "Project Goliath" e que tudo indica incluir as estratégias da indústria para enfrentar e combater o Google.
As coisas continuam mal para Amy Pascal que foi apanhada a criticar Leonardo di Caprio num e-mail em que fala da recusa do ator em assumir o papel de Steve Jobs. "Atitude desprezível", escreveu Pascal.
Noutro registo, George Clooney, pede perdão por "The Monuments Man": "Adoro-a, Amy. Você é literalmente a única pessoa que chefia. um estúdio que gosta de cinema. Lamento desiludi-la. Não era a minha intenção. Peço desculpa. Perdi o controlo... Quem diria? Desculpe. Não volta a acontecer."
Por fim, o chefe de produção da TriStar, uma das divisões do estúdio, chama a atenção para uma entrevista dos filhos de Will Smith - Jaden e Willow - e pede a Pascal: "por favor não deixe esta família determinar quando estreamos os nossos filmes".
Por fim, ainda hoje, sábado, os piratas divulgaram um sétimo bloco de documentos e prometem um "grande presente de natal".