Cartaz de cinema

Queer Lisboa 2019 apresenta programação

Publicado em 10 Set. 2019 às 19:00, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Festivais de cinema)

Queer Lisboa 2019 apresenta programação

O Queer Lisboa – Festival Internacional de Cinema Queer tem lugar de 20 a 28 de setembro no Cinema São Jorge e na Cinemateca Portuguesa, com um total de 101 filmes de 36 países.

O Queer Lisboa anunciou hoje a programação completa, incluindo o Filme de Encerramento, as várias Secções Competitivas, Panorama, Secções Paralelas e Sessões Especiais, Debates e Conversas, Festas e Convidados.

Num ano em que se comemoram vários marcos, nacionais e internacionais, da história dos movimentos das comunidades LGBTI+, a 23ª edição do Queer Lisboa faz uma reflexão sobre o que significou meio século dos modernos movimentos de luta destas mesmas comunidades. Desde a celebração dos 50 anos dos Motins de Stonewall, aos 20 anos da Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa, 2019 é o ano em que a organização do festival se dedica a recuperar a memória das conquistas políticas e sociais nos vários cantos do globoe o que significou, e significa ainda, o ativismo na cultura queer.

Ao mesmo tempo, o Queer Lisboa destaca a importância de lembrar os recuos nas últimas décadas, quem mais beneficiou com as conquistas obtidas e quem se viu posto de lado, vítima, por vezes, do preconceito vindo de dentro da própria comunidade queer.

Do Vietname à Geórgia, da Argentina ao Quénia, passando pela maior parte dos países europeus, são 36 os países presentes no programa deste ano. França e os EUA surgem com 16 filmes cada. Segue-se o Brasil, que com 12 filmes continua a ser um dos países com mais expressão no Queer Lisboa, e a Alemanha, também com 12 filmes, espalhados pelas várias secções. Sete filmes compõem a presença portuguesa no Festival.

O Filme de Encerramento será "Skate Kitchen", de Crystal Moselle. Na primeira longa-metragem de ficção, a realizadora do documentário "The Wolfpack", desenha uma história passada na cena skater feminina de Nova Iorque, em que Camille, uma adolescente introvertida, faz amizade com um grupo de raparigas skaters onde rapidamente se integra.

O Júri da Competição de Longas-Metragens é composto pela atriz Isabél Zuaa, a cineasta Teresa Villaverde, e o programador, e ex-diretor do Berlinale Panorama, Wieland Speck. Como é habito, oito filmes fazem parte desta competição.

Em "And Then We Danced", de Levan Akin, estreado na recente edição do Festival de Cinema de Cannes, o mundo de Merab, bailarino no conservador Ensemble Nacional Georgiano, é subitamente abalado pela chegada do carismático Irakli, que se tornará simultaneamente seu rival e objeto de desejo.

Vencedor de um Teddy Award na passada edição da Berlinale, "Breve Historia del Planeta Verde", de Santiago Loza, mergulha-nos na viagem transcendente e melancólica de Tania, uma mulher transgénero a quem foi legada uma importante missão; com um impressionante percurso em festivais e vencedor de dois Goya, "Carmen y Lola", de Arantxa Echevarría, interroga-se sobre a possibilidade de se quebrarem os ciclos geracionais que constrangem Carmen, uma jovem cigana madrilena que, ao conhecer Lola, começa a questionar o futuro que lhe fora traçado.

Do Brasil chega "Greta", de Armando Praça, que delicadamente descreve os dias solitários de Pedro, interpretado por Marco Nanini, um enfermeiro gay de 70 anos, interrompidos pelo surgimento do fugitivo Jean, com quem estabelece uma relação de poder transformado em afetividade. Armando Praça estará presente em Lisboa para apresentar o seu filme.

"Las Hijas del Fuego", de Albertina Carri, atravessa as paisagens deslumbrantes do sul da Argentina numa viagem de poliamor onde duas amantes se cruzam com muitas outras mulheres, todas em encruzilhadas nas suas vidas.

Em "Memories of my Body", de Garin Nugroho, estreado na edição de 2018 Festival de Cinema de Veneza, assistimos às descobertas de Juno, um menino sensível que vive numa aldeia de Java, que começa a compreender a sua própria identidade.

De uma Nova Iorque fugaz e estratificada, onde as comunidades queer procuram sobreviver solidariamente, chega "Port Authority", de Danielle Lessovitz, onde Paul, recém chegado à cidade, conhece Wye, e a sua família afetiva, que o introduzem à cena kiki e ball.

Por fim "Sócrates", de Alexandre Moratto, a surpresa com enorme carreira em festivais e nomeado para vários Independent Spirit Awards, onde venceu o prémio "Someone to Watch", em que a personagem título, um adolescente pobre que perde subitamente a mãe, procura sobreviver numa sociedade implacável, tentando alcançar a estabilidade e dignidade que constantemente lhe fogem.

Outros oito título integram a Competição de Documentários.

A partir de mais de cem horas de vídeos caseiros, Agustina Comedi fez "El Silencio Es un Cuerpo que Cae", onde procura descobrir mais sobre a vida clandestina do seu pai, a sua sexualidade e a sua atividade política.

Estreado no Berlinale Panorama em 2018, "Game Girls", de Alina Skrzeszewska, apresenta-nos Teri e Tiahna, duas mulheres que tentam navegar o caótico mundo do bairro de Skid Row, em Los Angeles, mantendo a sua relação apesar das vontades inconciliáveis que começam a despertar em cada uma delas.

"Irving Park", de Panayotis Evangelidis, é a história de quatro homens gay sexagenários que moram juntos em Chicago, explorando um estilo de vida não convencional de relacionamentos mestre/escravo, formando uma família construída sobre a ideia de livre escolha e consentimento.

Em "Man Made", de T Cooper, seguimos as vidas de quatro homens transgénero que se preparam para competir na TransFitCon, a única competição totalmente trans-culturista do mundo, realizada em Atlanta, assistindo aos seus percursos pessoais de afirmação de identidade e empoderamento.

Um conto de detetives e fantasmas desemboca numa história de afirmação em "My War Hero Uncle", de Shaked Goren, que corre atrás do passado para dar sentido ao momento presente em que o realizador e a avó partilham o, por vezes, indizível.

"Ni d'Ève ni d'Adam. Une Histoire Intersexe", de Floriane Devigne, reflete sobre a forma como as pessoas intersexo procuram reapropriar os seus corpos e construir as suas identidades, enquanto questiona o que as nossas sociedades estão prontas para fazer em nome das normas sociais.

Em "Em One Taxi Ride", de Mak CK, o segredo que durante dez anos foi estrangulando Erick e o foi mantendo em reclusão dentro da sua própria família, está finalmente pronto para ser enfrentado, de forma a que, através da partilha, Erick possa reclamar o seu futuro.

Por fim, "Una Banda de Chicas", Marilina Giménez, que "trocou o baixo pela câmara", coloca urgentíssimas questões: qual é o papel das mulheres na cena musical atual? O que acontece quando as mulheres fazem a música que escolhem? O que acontece quando os seus corpos no palco são sensuais e agressivos? Marilina Giménez, assim como a sua Assistente de Realização Florencia Vogliano, virão a Lisboa apresentar o seu filme.

Terceiro programa competitivo, dedicado a linguagens mais experimentais, a Competição Queer Art é composta por "Capital Retour", de Léo Bizeul, onde um corpo omnisexual e intersexo, busca significado, ou o contrário, enquanto se apresenta deitado sobre pêlo falso em frente a uma webcam.

"Doozy", de Richard Squires, que estará no festival, leva às infâncias dos anos 1960 e 70, em que Paul Lynde, e as suas vozes excêntricas e ambíguas, habitavam os vilões da famosa produtora de animação Hanna-Barbera.

Em "Ilha", de Ary Rosa e Glenda Nicácio, Emerson sequestra Henrique, um premiado cineasta, para com ele fazer um filme sobre a sua história na Ilha, um lugar onde quem nasce nunca consegue sair.

Cinco são as "Letters to Paul Morrissey", de Armand Rovira, onde entre existencialismo austero, vampiros em coreografia infinita e lembranças ilusórias de Chelsea Girls, encena tanto uma homenagem ao realizador da Factory como um olhar distanciado sobre outros tempos e outros cinemas. O realizador estará presente em Lisboa para apresentar o filme.

Em "Manta Ray", de Phuttiphong Aroonpheng, um pescador encontra um homem ferido do qual cuida até ele próprio desaparecer e o outro se tornar ele, tomando conta da sua casa, do seu trabalho e da sua ex-mulher.

"Normal", de Adele Tulli, reflete sobre como as identidades feminina e masculina são representadas nas interações quotidianas, através de uma colagem de cenas imersivas filmadas por toda a Itália, capturando alguns dos momentos mais emblemáticos da vida do ser humano, desde o nascimento até à vida adulta.

Eva, personagem de 25 anos, marginal, berlinense, poeta, dona de animais de estimação, trabalhadora do sexo, Virgem, toxicodependente em tratamento, dona de casa, feminista, modelo - é a protagonista de "Searching Eva", de Pia Hellenthal, em que os conceitos de privacidade, e identidade como coisa estanque, são desafiados, espelhando mudanças e cortes geracionais.

Por fim, os realizadores Tavinho Teixeira e Mariah Teixeira regressam ao Festival com "Sol Alegria", uma viagem inesquecível pelo interior do Brasil que inclui freiras guerrilheiras, plantações de canábis, e a participação especialíssima de Ney Matogrosso.

O Queer Lisboa – Festival Internacional de Cinema Queer tem lugar de 20 a 28 de setembro no Cinema São Jorge e na Cinemateca Portuguesa.

A programação completa pode ser consultada no site do festival.