Cartaz de cinema

Queer Lisboa 2018 revela primeiras novidades

Publicado em 28 Jun. 2018 às 19:30, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Festivais de cinema)

Queer Lisboa 2018 revela primeiras novidades

'Diamantino' e 'Bixa Travesty' abrem e fecham a edição de 2018, que se realiza de 14 a 22 de setembro.

O Queer Lisboa – Festival Internacional de Cinema Queer, anunciou quinta-feira alguns dos destaques da próxima edição, a decorrer de 14 a 22 de setembro, no Cinema São Jorge e na Cinemateca Portuguesa.

A 22.ª edição abre com a estreia lisboeta de "Diamantino" (2018), de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, vencedor do Grande Prémio da 57.ª Semana da Crítica da última edição do Festival de Cannes. Uma abordagem delirantemente queer e metafísica ao estado do mundo, onde Carloto Cotta interpreta Diamantino, uma estrela mundial do futebol em plena crise existencial, e à mercê das suas manipuladoras e mercenárias irmãs, numa cruzada onde se confronta com expressões neofascistas, a crise dos refugiados na Europa, a modificação genética e a busca da fonte da genialidade.

O encerramento do festival é feito com o documentário "Bixa Travesty" (2018), realizado por Claudia Priscilla e Kiko Goifman e vencedor do prémio de Melhor Documentário do Teddy Award da Berlinale – Festival Internacional de Cinema de Berlim, onde teve estreia mundial, em fevereiro. A dupla de realizadores brasileiros cujo trabalho o Queer Lisboa tem programado desde propõe um imaginativo e desafiante documentário, dominado pela presença no ecrã da eletrizante Linn da Quebrada. Autodenominada "bixa travesty" e artista multimédia, oriunda da periferia de São Paulo, Linn ganhou notoriedade nos palcos com a canção "Enviadescer", em 2016, sendo desde então uma pertinente e ativista voz pela defesa dos direitos das minorias queer.

Um dos grandes destaques da presente edição do Queer Lisboa é um programa multidisciplinar à volta da temática do VIH/sida, com o título "O vírus-cinema: cinema queer e VIH/sida", que congrega um ciclo de cinema, uma exposição e o lançamento de um livro de ensaios.

O ciclo a ter lugar na Cinemateca Portuguesa e no Cinema São Jorge pretende dar a conhecer os realizadores do vídeo-ativismo do VIH/sida, colocando estas obras em diálogo com algumas das longas-metragens mais emblemáticas sobre este tema. De entre as longas-metragens programadas a organização destaca obras como "La Pudeur ou l"impudeur" (1992), o vídeo-diarístico na primeira pessoa de Hervé Guibert; "Buddies" (1985), de Arthur J. Bressan, Jr., primeira ficção sobre o VIH/sida apresentada em versão recentemente restaurada; "Kids" (1995), de Larry Clark, um expoente do cinema indie norte-americano, ou "Bright Eyes" (1986), de Stuart Marshall, um dos primeiríssimos documentários sobre a Sida.

A 15 de setembro, data do início do ciclo de cinema na Cinemateca Portuguesa, é também lançado o livro "O vírus-cinema: cinema queer e VIH/sida", uma edição da Associação Cultural Janela Indiscreta, organizadora do Festival, com coordenação de António Fernando Cascais e João Ferreira, que reúne um conjunto de ensaios quase todos inéditos onde diferentes personalidades convidadas – de médicos a ativistas, de programadores a críticos de cinema -, escrevem cada uma sobre um filme que aborda esta temática (alguns dos quais são apresentados no ciclo), oferecendo-se assim diferentes perspetivas sobre os desafios que a epidemia representou para o cinema.

A completar o programa, o Queer Lisboa lançou o convite ao artista plástico Thomas Mendonça para que ele desafiasse um conjunto de outros jovens artistas a conceberem uma peça à volta da temática do VIH/sida e dos filmes programados, procurando assim uma perspetiva de como a epidemia é vista e interpretada por uma nova geração. A exposição, intitulada "O vírus", tem também inauguração marcada para 15 de setembro, na Galeria FOCO, onde poderão ser vistas as obras de Christophe dos Santos, Cláudia Sofia, Diego Machargo, Fernanda Feher, João Gabriel, João Viegas, Mauro Ventura, Marta Pombo, Rui Palma e Thomas Mendonça.

O Queer Lisboa anunciou igualmente uma parceria com a ModaLisboa e o Doclisboa, para a programação de um conjunto de documentários sobre o universo da moda.

A 51.ª edição da  ModaLisboa decorre de 11 a 14 de outubro, e o Queer Lisboa antecipa este evento apresentando três documentários que revelam a importância da cultura queer na moda e de como a moda tem contribuído para o esbatimento de noções heteronormativas de género. Chamada de atenção para o filme "We Margiela" (2017), que acompanha o nascimento da casa de moda dirigida pelo enigmático Martin Margiela, responsável por uma revolução nesta indústria e que dará também lugar a um debate com a presença de Eduarda Abbondanza, diretora da ModaLisboa e Rui Palma, fotógrafo de moda.

Os outros destaques vão para o documentário "Kevyn Aucoin - Beauty & the Beast in Me" (2017), de Lori Kaye, um retrato do maquilhador Kevyn Aucoin, já falecido, feito com base nos seus próprios registos vídeo caseiros e para a estreia nacional do documentário "George Michael: Freedom - Director"s Cut" (2018), de George Michael e David Austin, uma exaustiva viagem pela música e vida da estrela pop com uma carreira que atravessa mais de três décadas e teve estreita relação com a moda. Este ciclo de documentários prosseguirá no Doclisboa 18.

O Queer Lisboa 22 realiza-se de 14 a 22 de setembro no Cinema São Jorge e na Cinemateca Portuguesa. A programação completa, atividades paralelas, júris e convidados oficiais, serão anunciados a 4 de setembro.

FILMES ANUNCIADOS

 

Abertura

Diamantino, Gabriel Abrantes, Daniel Schmidt (Portugal, França, Brasil, 2018, 92")

 

Encerramento

Bixa Travesty, Claudia Priscilla, Kiko Goifman (Brasil, 2018, 75")

 

CICLO O VÍRUS-CINEMA: CINEMA QUEER E VIH/SIDA

Longas-metragens

Bright Eyes, Stuart Marshall (Reino Unido, 1986, 79')

Buddies, Arthur J. Bressan, Jr. (EUA, 1985, 81')

E Agora? Lembra-me / What Now? Remind Me, Joaquim Pinto (Portugal, 2013, 164')

Fast Trip, Long Drop, Gregg Bordowitz (EUA, 1993, 54')

Kids, Larry Clark (EUA, 1995, 91')

Les Nuits Fauves / Savage Nights, Cyril Collard (França, 1992, 126')

La Pudeur ou l"impudeur, Hervé Guibert (França, 1992, 62')

 

Curtas-metragens

The Ads Epidemic, John Greyson (Canadá, 1987, 5')

A.I.D.S.C.R.E.A.M., Jerry Tartaglia (EUA, 1988, 6')

Aus der Ferne - The Memo Book, Matthias Müller (Alemanha, 1989, 28')

Buffalo Death Mask, Mike Hoolboom (Canadá, 2013, 23')

Danny, Stashu Kybartas (EUA, 1987, 20')

Ecce Homo, Jerry Tartaglia (EUA, 1989, 7')

Final Solutions, Jerry Tartaglia (EUA, 1990, 10')

Frank"s Cock, Mike Hoolboom (Canadá, 1993, 8')

(In) Visible Women, Ellen Spiro (EUA, 1991, 25")

Internal Combustion, Alisa Lebow, Cynthia Madansky (EUA, 1995, 8')

Kissing Doesn"t Kill, Tom Kalin, Gran Fury (EUA, 1990, 4')

The Last Time I Saw Ron, Leslie Thornton (EUA, 1994, 12')

Listen to This, Tom Rubnitz (EUA, 1992, 16')

Pensão Globo, Matthias Müller (Alemanha, 1997, 14')

The Pictures of Dorian Gay, Mike Kuchar (EUA, 1995, 23')

Some Aspect of a Shared Lifestyle, Gregg Bordowitz (EUA, 1986, 22')

Steam Clean, Richard Fung (EUA, 1991, 4')

 

PANORAMA DOCUMENTÁRIOS

George Michael: Freedom - Director"s Cut, George Michael, David Austin (Reino Unido, 2018, 109')

Kevyn Aucoin - Beauty & the Beast in Me, Lori Kaye (EUA, 2017, 90')

We Margiela, mint film office (Holanda, 2017, 100')

 

PANORAMA LONGAS-METRAGENS DE FICÇÃO

L'Amour Debout, Michaël Dacheux (França, 2018, 83')

Disobedience, Sebastián Lelio (EUA, Reino Unido, Irlanda, 2017, 114')