Protesto leva grupo Hachette a cancelar publicação das memórias de Woody Allen

O grupo editorial Hachette confirmou hoje, num comunicado, o cancelamento da publicação das memórias de Woody Allen. Com o título "Apropos of Nothing", o livro, anunciado segunda-feira pela Grand Central Publishing, uma das empresas do grupo, tinha lançamento previsto para abril.

Na quinta-feira, os funcionários da Little, Brown, outra empresa pertencente à Hachette, sairam à rua para protestar contra a publicação. A editora lançou recentemente "Catch and Kill: Lies, Spies, and a Conspiracy to Protect Predators", obra do escritor e jornalista Ronan Farrow, filho do realizador e da atriz Mia Farrow que cortou relações com o pai após este ter casado com Soon-Yi Previn, a filha adotiva de Mia.

No seu livro, Farrow, narra os desafios que enfrentou ao investigar as histórias de alegadas violações e agressões a mulheres por parte de Harvey Weinstein. O autor condenou a publicação das memórias de Allen pela Hachette e disse que não voltaria a trabalhar com aquele grupo livreiro.

Dylan, filha adotiva de Mia Farrow, alega ter sido abusada sexualmente por Allen quando tinha apenas sete anos. O caso foi investigado, mas nunca foram produzidas acusações formais.

A vice-presidente para a comunicação do grupo Hachette, Sophie Cottrell, disse, no comunicado:

No HBG, levamos muito a sério o relacionamento com os autores e não cancelamos livros de ânimo leve. Publicamos e continuaremos a publicar muitos livros controversos. Como editores, garantimos todos os dias no nosso trabalho que diferentes vozes e pontos de vista opostos possam ser ouvidos.

Por outro lado, como empresa, estamos comprometidos em oferecer um ambiente de trabalho estimulante, solidário e aberto para todos os nossos funcionários. Nos últimos dias, a liderança da HBG teve extensas conversas com a nossa equipa e com outras pessoas. Depois de as ouvir, chegámos à conclusão de que avançar com a publicação [das memórias de Woody Allen] não seria viável para a HBG.