Primeira curta do realizador de "The Northman" pode ser vista online

Estamos a pouco menos de duas semanas da estreia de "The Northman" (O Homem do Norte), o trabalho mais recente de Robert Eggers que sugere uma versão crua e brutal dos épicos vikings, nos cinemas portugueses.

Antes, o cineasta de New Hampshire construiu sólidas credenciais com apenas duas longas-metragens. O fascinante "The Witch", de 2015, que teve o mérito adicional de revelar Anya Taylor-Joy, e "O Farol", a história de dois faroleiros que tentam manter a sanidade (sem sucesso, adiante-se) numa remota ilha da Nova Inglaterra, durante os anos de 1890. Brilhantemente interpretada por Willem Dafoe e Robert Pattinson é umas das melhores obras cinematográficas norte-americanas dos últimos anos.

É precisamente o interesse de Eggers por formatos e estéticas primevas que faz a ligação entre "O Farol" e "Hansel & Gretel", o primeiro filme assinado pelo cineasta.

Em "O Farol", inspirado num conto inacabado de Edgar Allan Poe, o realizador e o seu diretor de fotografia, Jarin Blaschke, criam uma homenagem ao expressionismo alemão onde os nomes de Murnau e Lang aparecem naturalmente em destaque. Não se limitando a copiar a aparência, colocam-na ao serviço da narrativa com um fomato de imagem quase quadrado (1.19:1) que ajuda a definir o ambiente claustrofóbico da ilha e do farol e reforça o sentimento de progressiva loucura que envolve os protagonistas.

Com 26 minutos, "Hansel & Gretel", feito em 2007, é uma curta que adapta o conto dos irmãos Grimm. A preto e branco, mudo e com intertítulos, tal como nos primeiros anos do cinema, complementado pelo som de um dueto de cordas, é um exercício formal, livre de constrangimentos narrativos, onde o tom e as marcas dos expressionistas são exibidas sem qualquer pejo.

O filme está disponível online. Curiosidade adicional, a bruxa é interpretada por Kelly Eggers, a mãe do realizador.

"The Northman" (O Homem do Norte) tem estreia nacional a 21 de abril.