Cartaz de cinema

Prémios Goya 2021: o cinema espanhol mostra a sua força

Publicado em 7 Mar. 2021 às 10:54, por António Quintas, em Notícias de cinema (Temas: Temporada de prémios, Cinema Europeu)

Prémios Goya 2021: o cinema espanhol mostra a sua força

Contas feitas, "Las Niñas", primeira obra de Pilar Palomero, ganhou a noite.

Sábado à noite, enquanto meio Portugal se entretinha com o Festival da Canção, os vizinhos do lado mostravam a força do seu cinema na 35.ª cerimónia de entrega dos Prémios Goya. Alinhados com o pensamento corrente, os espanhóis premiaram uma mulher, Pila Palomero e, pela quinta vez, alguém que assina o primeiro filme (os anteriores foram Agustín Díaz Yanes, Alejandro Amenábar, Achero Mañas e Raúl Arévalo).

"Las Niñas" recebeu os prémios de melhor filme, melhor primeira obra, melhor argumento original e, outra estreia que se saúda, melhor direção de fotografia para Daniela Cajías (primeira mulher a receber esta distinção na história dos Goya).

Passado no início da última década do século XX, na Espanha da Expo de Sevilha e das Olimpíadas de 1992, em Barcelona, "Las Niñas" segue Celia (Andrea Fandos), uma menina de 11 anos que estuda num colégio de freiras em Zaragoza e mora com a mãe Adela (Natalia de Molina), uma viúva de 30 anos que sonha poder dar à filha tudo aquilo que lhe foi negado, como a oportunidade de ir para a universidade. Um dia, Brisa (Zoe Arnao) entra na vida de Celia. Recém-chegada de Barcelona, empurra-a para uma nova etapa da sua vida: a adolescência. Celia vê-se entre dois mundos, o da sua educação, em casa e na escola, e o de um novo mundo que onde descobre que a vida é feita de muitas verdades e de algumas mentiras.

Outra fronteira quebrada, o primeiro ator negro a receber um Goya: o francês Adam Nourou, melhor ator revelação, protagonista de "Adú", de Salvador Calvo (melhor realização), uma história de gente que procura melhor vida - dois orfãos que atravessam África para chegar a Espanha.

Após um ano de doença, onde as mortes, o sofrimento e as ameaças à sobrevivência da sétima arte, tal como a conhecemos, estiveram presentes de forma quase ininterrupta, o cinema espanhol aproveitou a noite para exibir o seu músculo, com declarações de reconhecimento. Do exterior, com declarações gravadas de Robert de Niro, Al Pacino, Dustin Hoffman, Helen Mirren, Charlize Theron, Isabelle Huppert, Monica Bellucci, Salma Hayek, Sylvester Stallone, Benicio del Toro, Emma Thompson, Ricardo Darín e Laura Dern; a partir de dentro, com Pedro Almodóvar, Penélope Cruz, Alejandro Amenábar, Juan António Bayona, Paz Vega, Antonio de la Torre, Belén Cuesta, Marta Nieto, Mónica Randall, Verónica Forqué, Pedro Casablanc, Jaime Chávarri, Emma Suárez, Marisa Paredes e Jose Coronado, em pessoa no Teatro del Soho, em Málaga, onde decorreu a cerimónia.

As condições, citando os responsáveis pela academia espanhola, obrigaram a uma cerimónia "obligadamente distinta y extremadamente responsable". Um formato misto, com a presença em direto dos anfitriões, António Banderas (malaguenho de gema) e a jornalista María Casado, da Orquestra Sinfónica de Málaga, dos convidados que anunciaram cada um dos vencedores e dos artistas que atuaram ao longo do espectáculo. Desde casa, de hotéis, ou de alojamentos alugados para o efeito, os nomeados aguardaram a sua vez ao longe, por via digital.

Vencedores dos Goya 2021

  • Melhor filme: Las niñas, de Pilar Palomero
  • Melhor realização: Salvador Calvó, por Adú
  • Melhor ator: Mario Casas, por No matarás
  • Melhor atriz: Patricia López Arnaiz, por Ane
  • Melhor filme europeu: The Father (Reino Unido), de Florian Zeller
  • Melhor filme iberoamericano iberoamericana: "El olvido que seremos" (Colômbia), de Fernando Trueba
  • Melhor ator secundário: Alberto San Juan, por Sentimental
  • Melhor atriz secundária: Nathalie Poza, por La boda de Rosa
  • Melhor filmes de animação: La gallina Turuleca, de Víctor Monigote
  • Melhor documentário: El año del descubrimiento, de Luis López Carrasco
  • Melhor argumento adaptado :David Pérez Señudo e Marina Parés Pulido, por Ane
  • Melhor arguemento original: Pilar Palomero, por Las niñas
  • Melhor direção artística:Mikel Serrano, por Akelarre
  • Melhor montagem: Sergio Jiménez, por El año del descubrimiento
  • Melhor direção de fotografia: Daniela Cajías, por Las niñas
  • Melhor curta-metragem de animação: Blue & Malone: Casos imposibles, de Abraham López Guerrero
  • Melhor curta-metragem documental: Biografía del cadáver de una mujer, de Mabel Lozano
  • Melhor curta-metragem de ficção: A la cara, de Javier Marco Rico
  • Melhor banda sonora original: Aránzau Calleja e Maite Arroitajauregi, por Akelarre
  • Melhor canção original: "Que no, que no", de Rozalén, por La boda de Rosa
  • Melhor primeira obra: Pilar Palomero, por Las niñas
  • Melhor ator revelação: Adam Nourou, por Adú
  • Melhor atriz revelação: Jone Laspiur, por Ane
  • Melhor direção de produção: Ana Parra e Luis Fernández Lago, por Adú
  • Melhores efeitos visuais: Mariano García Marty e Ana Rubio, por Akelarre
  • Melhor som: Eduardo Esquide, Jamaica Ruíz García, Juan Ferro e Nicolás de Poulpiquet, por Adú
  • Melhor maquilhagem e cabelo: Beata Wotjowica e Ricardo Molina, por Akelarre
  • Melhor guarda-roupa: Nerea Torrijos, por Akelarre
  • Goya Honorário: Ángela Molina