Cartaz de cinema

"Prazer, Camaradas!" de José Filipe Costa estreia nos cinemas em maio

Publicado em 15 Abr. 2021 às 13:00, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Estreias, Cinema Português)

"Prazer, Camaradas!" de José Filipe Costa estreia nos cinemas em maio

No Portugal de 1975, estrangeiros e portugueses vivem a sua revolução sexual.

"Prazer, Camaradas!", de José Filipe Costa, estreia a 20 de maio nas salas de cinema portuguesas, anunciou hoje a produtora e  distribuidora, Uma Pedra do Sapato. Ainda em abril, acompanhando as comemorações da Revolução dos Cravos, o filme vai ser apresentado em ante-estreia, em quatro cidades:

  • 21 de abril, às 19h00, numa sessão organizada pelo Cineclube de Santarém, no Teatro Sá da Bandeira (com a presença do realizador)
  • 22 de abril, às 20h30, numa sessão organizada pelo Cineclube de Viseu, no Auditório do IPDJ
  • 23 de abril, às 19h30, numa sessão organizada pelo Cineclube de Faro, no Club Farense (com a presença do realizador)
  • 24 de abril, às 10h30, numa sessão organizada pelo Cineclube de Évora, no Auditório Soror Mariana (com a presença do realizador)

Com estreia mundial no festival de Locarno e ante-estreia nacional, no Doclisboa, "Prazer, Camaradas!" oscila entre a ficção e o documentário para abordar, criticar e satirizar, de forma bem humorada, alguns comportamentos e valores do passado com impacto na vida quotidiana como a divisão das tarefas domésticas, ou a violência exercida pelos homens sobre as mulheres. "Prazer, Camaradas!" mostra ainda as mudanças na vivência da sexualidade e a quebra das tradições conservadoras e do papel mais submisso das mulheres.

Para José Filipe Costa, "Prazer, Camaradas!" constituiu uma espécie de "jogo lúdico" onde se propôs que actores não profissionais "dramatizassem as memórias de uma revolução que não foi apenas política, mas também sexual e de costumes". O realizador explica que o filme se desenvolve "em quadros improvisados, confrontando as ideias e comportamentos de estrangeiros e portugueses sobre a intimidade e a vivência da sexualidade". "Há a ambição de mostrar que a revolução não estava só a acontecer no palco politico-constitucional, mas também nas cabeças e nos corpos das pessoas", acrescenta.

O argumento surgiu de relatos orais, textos literários e diários da época escritos por estrangeiros e portugueses que estiveram exilados. Na altura, além de ajudarem nos trabalhos agrícolas, observavam e registavam o que viam e viviam com os portugueses.

"Eram uma espécie de antropólogos improvisados que se encantavam e decepcionavam com o que viam, transcrevendo os poemas e os ditos dos camponeses, assinalando as distâncias pudicas entre os corpos nos bailes tradicionais, ou descobrindo o trágico destino dos solteirões atingidos pela guerra colonial", refere o realizador.

Fazendo um paralelismo sobre estes tempos e a actualidade, José Filipe Costa sublinha que "a desigualdade salarial entre homens e mulheres e os números de mulheres mortas e maltratadas pelos maridos em Portugal são altíssimos. Esperava-se que o movimento revolucionário desses tempos, que dramatizámos, tivesse sido mais rápido a transformar as leis não escritas do corpo e dos comportamentos. Afinal, passado e presente estão de tal modo misturados que é urgente perguntar: o que efectivamente mudou de lá para cá?"

Após "Linha Vermelha" (2011) e "Entre Muros", co-realizada com João Ribeiro (2003), "Prazer, Camaradas!" é a terceira longa-metragem de José Filipe Costa.

Trailer "Prazer, Camaradas!"

Sinopse

Em 1975, no Portugal pós-revolução de abril, uma mulher e dois homens - Eduarda Rosa, João Azevedo e Mick Geer - viajam da Europa do Norte para trabalharem nas cooperativas das herdades ocupadas no Ribatejo. Como muitos outros, ajudam nas actividades rurais e pecuárias, dão consultas médicas, aulas de planeamento familiar, mostram filmes de educação sexual e participam nos bailes tradicionais. Vêm fazer a revolução sexual, abalando as velhas certezas de quem viveu tanto tempo em ditadura: como convivem homens e mulheres nas aldeias do Ribatejo? Por que é que as mulheres têm de ir virgens para o casamento? Por que é que só os homens têm direito ao prazer sexual?