Publicado em 18 Mai. 2021 às 16:00, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Estreias, Cinema Português)
Entre a ficção e o documentário, a terceira longa-metragem do realizador português recorda como a revolução de abril de 1974 tentou ir além da política e mudar costumes e hábitos nas relações entre homens e mulheres.
"Prazer, Camaradas!", de José Filipe Costa estreia a 20 de Maio em salas de cinema de Lisboa (Cinema City Alvalade, UCI El Corte Inglés), Porto (Cinema Trindade, UCI Arrábida 20), Braga (Cineplace Braga), Coimbra (Cinema NOS Alma) e Setúbal (Cinema City Setúbal).
Estão também programadas diversas sessões com a presença do realizador e de convidados.
Outras sessões regulares e especiais previstas em outras cidades são as seguintes, até ao momento:
O filme será exibido, em Ovar, em sessões regulares, de 10 a 17 de junho no Cinema Vida. Haverá ainda sessões especiais em Tomar (1 de Junho, 19h00, no Cine-Teatro Paraíso, com a presença do realizador), São João da Madeira (2 de junho, 20h00, no Auditório Paços da Cultura, com a presença do realizador), Coimbra (7 de junho, 19h00, no Teatro Académico Gil Vicente, com a presença do realizador), Seia (10 de junho, 18h30, no Cine-Teatro Casa da Cultura), Figueira da Foz (11 de junho, 19h00, no Centro de Artes e Espetáculos), Setúbal (17 e 18 de junho, 18h00, no Cinema Charlot, com a presença do realizador), Seia (10 de junho, 18h30, no Cine-Teatro Casa da Cultura), Montemor-o-Novo (17 de junho, 20h30, no Cine-Teatro Curvo Semedo, com a presença do realizador), Avanca (22 de junho, 20h30, no Cine-Teatro de Estarreja), Viana do Castelo (6 de setembro, 21h30, no Cinema Verde Viana), e Guimarães, Braga e Funchal, entre outras a anunciar em breve.
Para mais informações sobre horários de sessões de cinema em todo o país, consulte o cartaz.
Com estreia mundial no festival de Locarno e ante-estreia nacional no Doclisboa, "Prazer, Camaradas!" entra, em simultâneo, nas áreas da ficção e do documentário para abordar, criticar e satirizar comportamentos e valores do passado na relação entre homens e mulheres. Comportamentos que exercem impacto na vida quotidiana como a divisão das tarefas domésticas, ou a violência exercida pelos homens sobre as mulheres.
O realizador José Filipe Costa propôs "a actores não profissionais que dramatizassem as memórias de uma revolução que não foi apenas política, mas também sexual e de costumes. O filme desenvolve-se em quadros improvisados, confrontando as ideias e comportamentos de estrangeiros e portugueses sobre a intimidade e a vivência da sexualidade. Há a ambição de mostrar que a revolução não estava só a acontecer no palco politico-constitucional, mas também nas cabeças e nos corpos das pessoas".
O argumento surgiu-lhe de um conjunto de relatos orais, textos literários e diários da época, escritor por estrangeiros e portugueses ex-exilados que, além de ajudarem nos trabalhos agrícolas, observavam e registavam o que viam e viviam com os portugueses. "Eram uma espécie de antropólogos improvisados que se encantavam e decepcionavam com o que viam, transcrevendo os poemas e os ditos dos camponeses, assinalando as distâncias pudicas entre os corpos nos bailes tradicionais ou descobrindo o trágico destino dos solteirões atingidos pela guerra colonial", refere o realizador.
Fazendo um paralelismo sobre estes tempos e a actualidade, José Filipe Costa sublinha que "a desigualdade salarial entre homens e mulheres e os números de mulheres mortas e maltratadas pelos maridos em Portugal são altíssimos. Esperava-se que o movimento revolucionário desses tempos, que dramatizámos, tivesse sido mais rápido a transformar as leis não escritas do corpo e dos comportamentos. Afinal, passado e presente estão de tal modo misturados que é urgente perguntar: o que efectivamente mudou de lá para cá? Que liberdade foi esta que "passou por aqui"?
Após "Linha Vermelha" (2011) e "Entre Muros", realizada com João Ribeiro (2003), "Prazer, Camaradas! é a terceira longa-metragem de José Filipe Costa.