Porto/Post/Doc 2021 a partir de 20 de novembro

São quase 100 filmes que, entre 20 e 30 de novembro, constituem programa da edição 2021 do Porto/Post/Doc, o festival portuense dedicado ao "cinema do real". Um regresso ao formato corrente, com sessões em seis salas da cidade, performances e festas, mas onde é mantida uma extensão ao online que alarga o evento a todo o país. Na competição internacional estarão 10 títulos.

Sergei Loznitsa tece, com o seu habitual recurso aos materiais de arquivo, uma revisitação à Ucrânia ocupada pelos nazis em setembro de 1941 e ao massacre de "Babi Yar".

Zhao Liang (vencedor do grande prémio da segunda edição do Porto/Post/Doc em 2015) apresenta "I Am So Sorry", onde o realizador reflete sobre as consequências da energia nuclear nos seres humanos, num filme que também passou por Cannes.

"Gabi, Between Ages 8 and 13", de Engeli Broberg e "The Last Shelter", de Ousmane Samassekou terão ambos a primeira exibição em Portugal. O primeiro propõe um retrato íntimo sobre as dificuldades e as alegrias de uma infância liberta das normas de género, o segundo olha para o interior de um espaço que acolhe refugiados na fronteira do deserto do Sahel.

Vencedor do grande prémio do festival Visions du Réel, "Faya Dayi", de Jessica Beshir, conduz uma jornada espiritual pela região de Harar (onde a realizadora nasceu) e pelos rituais em torno da planta do khat, usada em meditações religiosas e, atualmente, o cultivo mais lucrativo da Etiópia. Também com passagem prévia pelo festival francês, a primeira longa de Stefan Pavlović, "Looking for Horses", pinta, no grande ecrã, a ligação entre dois amigos: o realizador, gago, e um pescador, surdo e cego de um olho.

"Beatrix", de Lilith Kraxner e Milena Czernovsky, apresenta um retrato físico e gestual de uma mulher que passa grande parte do Verão sozinha em casa. "Eles Transportan a Morte", de Helena Girón e Samuel M. Delgado, impele a uma reflexão sobre as origens do mundo ocidental e toca nos temas do colonialismo, esclavagismo e exploração desmedida de recursos.

"Esquirlas", funde memórias pessoais e nacionais do que seria um dos mais graves casos de corrupção e tráfico de armamento da Argentina com base no registo acidental da explosão numa fábrica de munições em 1995 feito pela realizadora Natalia Garayalde (então com 12 anos).

O alinhamento de propostas da competição central deste ano encerra com "Taming The Garden", de Salomé Jashi, que acompanha o extravagante passatempo do ex-Primeiro-ministro da Geórgia: a construção de um jardim onde coleciona árvores centenárias.

As sessões especiais do Porto/Post/Doc deste ano incluem a estreia nas salas portuenses de "Jane Par Charlotte", filme de Charlotte Gainsbourg sobre a sua mãe; "Arte da Memória", o mais recente trabalho de Rodrigo Areias onde o realizador visita o processo criativo de Daniel Blaufuks, Pedro Bastos e José Rufino; "Pato Pathos", de Cunha Pimentel, sobre o enólogo Luís Pato e "Do Bairro", de Diogo Varela Silva, sobre as histórias de vida que persistem nos bairros de Alfama e Mouraria. Ainda em estreia nacional, "Ljubomir Stanišić - Coração na Boca", documentário de Mónica Franco sobre a vida do reputado chef de cozinha.

Duas outras propostas cruzam música e cinema: o filme-concerto "Maria do Mar", onde o filme de Jorge Leitão Barros é musicado ao vivo pela Orquestra Sinfonietta de Lisboa, com direção musical de Vasco Pearce de Azevedo e participação especial de Pedro Burmester, a partir de uma partitura original de Bernardo Sassetti; e "As Filhas do Fogo", de Pedro Costa e Os Músicos do Tejo.

O Porto/Post/Doc realiza-se entre 20 e 30 de novembro no Teatro Municipal do Porto - Rivoli, Passos Manuel, Coliseu Porto Ageas, Casa Comum da Reitoria da Universidade Porto, Sala Estúdio Perpétuo e Planetário do Porto - Centro Ciência Viva.

A programação completa pode ser consultada no site do festival.