Publicado em 3 Dez. 2014 às 16:12, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Bastidores)
Na conferência de imprensa de apresentação do último capítulo de "O Hobbit", em Londres, o realizador neozelandês explicou a razão para não poder adaptar ao cinema as restantes obras de JRR Tolkien.
Entre a estreia nas salas de cinema de "O Senhor dos Anéis: A Irmandade do Anel", no natal de 2001, e a chegada de "O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos", passaram 13 anos.
Em mais de uma década, Peter Jackson, realizador, produtor e argumentista neozelandês, agora com 53 anos, construiu uma carreira e gerou receitas de bilheteira que terminarão bem acima dos cinco mil milhões de dólares (cerca de quatro mil milhões de euros) após o o fim da segunda trilogia da Terra Média.
E, mesmo assim, o mais provável é que não possa pegar noutras obras de JRR Tolkien como, por exemplo, "O Silmarillion".
A razão é simples, os direitos cinematográficos de "O Senhor dos Anéis" e "O Hobbit" foram vendidos pelo autor à United Artists, em 1969, por cem mil libras, mas o resto da obra continua na posse dos herdeiros. E Christopher Tolkien, de 90 anos, filho mais novo de John Ronald Reuel Tolkien, editor de parte dos livros do seu pai e responsável pelos mapas que ilustram as histórias de Frodo, Bilbo e companhia, não é fã dos filmes de Peter Jackson.
A opinião pouco positiva surgiu logo em 2001, quando saíram notícias segundo as quais Christopher Tolkien achava que o "O Senhor dos Anéis" não era adequado para a adaptação ao cinema. Mais tarde, publicou um comunicado a suavizar a sua posição: "(...) reconheço que esta é uma questão discutível e complexa relacionada com a arte, e as sugestões que surgiram de que eu 'desaprovo' os filmes, independentemente da sua qualidade cinematográfica, chegando ao ponto de pensar mal das pessoas com quem eu possa não estar de acordo, são totalmente sem fundamento ".
Em julho de 2012, o Sr. Tolkien, que desde 1975 vive em França, deu uma rara entrevista ao jornal Le Monde onde regressa a um tom bastante mais negativo.
Afirma que a família foi convidada a conhecer Peter Jackson, mas preferiu recusar. A razão? "Eles extirparam o livro, tornando-o num filme de ação para jovens com idades de 15 a 25. E parece que o mesmo vai acontecer com The Hobbit".
Em cima de tudo isto, ocorreram alguns confrontos legais sobre questões de dinheiro. Quando "O Senhor dos Anéis" se tornou um sucesso mundial no cinema, os advogados dos Tolkien repararam que o antigo contrato incluia uma cláusula segundo a qual a família tinha direito a uma percentagem das receitas a partir do momento em que o filme começasse a dar lucro. Infelizmente, na linguagem contabilística de Hollywood, isso significa... zero.
O artigo do Le Monde cita Cathleen Blackburn, advogada do Tolkien Estate, em Oxford, acerca da resposta recebida da New Line: "Estes filmes muito populares, aparentemente não produzem qualquer lucro! Recebemos declarações dos produtores a dizerem que não deviam um centavo à Tolkien." Os Tolkien recorreram e, em 2009, acabaram por chegar a acordo por valores que rondaram os 220 milhões de dólares.
Com tudo isto em cima da mesa, o mais provável, neste momento, é que Jackson não adapte mais obras de Tolkien ao grande ecrã. Como o próprio disse na conferência de imprensa: "É uma questão legal. Sem a cooperação dos herdeiros de Tolkien, não existirão mais filmes".
"O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos" estreia em Portugal a 18 de dezembro.