Pasolini em ciclo pelos cinemas portugueses

Para celebrar a vida e a obra de Pier Paolo Pasolini, nascido a 5 de março de 1922, a Risi Film anunciou a realização do ciclo "O Cinema segundo Pier Paolo Pasolini" com as primeiras seis obras restauradas por ocasião do seu centenário - cinco longas-metragens de ficção e um documentário em novas cópias restauradas.

O ciclo inicia-se com o primeiro filme do realizador, "Accattone" (1961) seguido de algumas das mais emblemáticas obras cinematográficas de Pasolini como "Mamma Roma" (1962), "O Evangelho Segundo S. Mateus" (1964), "Comícios de Amor" (1965), "Passarinhos e Passarões" (1966) e "Édipo Rei" (1967).

Um ciclo disponível a partir de 7 abril no Cinema Ideal, UCI Cinemas El Corte Inglés, O Cinema da Villa, Cinema Trindade e UCI Cinemas Arrábida Shopping, seguindo depois para outras salas do país.

As sessões serão acompanhadas com conversas e debates sobre o cineasta, as suas obras e como estas influenciaram o pensamento da sociedade actual.

Datas de exibição

7 de abril

ACCATTONE (1961)

Vittorio (Franco Citti), conhecido como Accattone (calão para "pequeno meliante"), habita os subúrbios de Roma e leva uma vida marcada pelo ócio, como chulo, enquanto explora a namorada Maddalena (Silvana Corsini) e passa o tempo com os seus companheiros. Mas quando Maddalena é maltratada por elementos de um bando rival por ter denunciado um dos seus e acaba na prisão Accattone fica sem meio de subsistência.

14 de abril

O EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS (1964)

Drama bíblico inovador, naturalista e despojado, com a vida de Cristo recontada a partir do Evangelho segundo Mateus. Pasolini apresenta um Cristo distinto do estilo épico com que o cinema o caracterizava; um Cristo solar que se faz acompanhar da música de Bach, enquanto a Virgem é interpretada pela mãe do próprio autor.

21 de abril

MAMMA ROMA (1962)

Segundo filme de Pasolini, com argumento da sua autoria é um retrato neorealista de martírio maternal que marca uma transição na filmografia inicial. Configura-se ainda como uma das primeiras obras do cineasta a retratar os marginais da sociedade italiana. A partir da história melodramática de uma prostituta de Roma que tenta dar uma vida digna ao filho, Pasolini constrói um filme com uma extraordinária dimensão poética e social, coroado por uma das mais exímias performances de Anna Magnani.

28 de abril

PASSARINHOS E PASSARÕES (1966)

Fantasia sobre cristianismo e marxismo, também conhecida por ser o último filme do actor cómico Totò. Enquanto se desloca pela estrada fora e através do tempo, com uma incursão à época de S. Francisco de Assis, Totò e o filho (Ninetto Davoli) encontram um corvo falante intelectual de esquerda que os acompanha na digressão.

5 de maio

REI ÉDIPO (1967)

Pasolini adapta Sófocles transformando "Edipo Re" numa espécie de "autobiografia". Na Itália da pré-guerra, um casal tem um filho. O pai tem ciúmes do descendente. A cena recua até à antiguidade onde um bebé é levado para o deserto a fim de ser morto. Salvo e levado ao rei e à rainha de Corinto, dão-lhe o nome de Édipo. O Oráculo diz que Édipo está destinado a matar o pai e a casar-se com a mãe. Horrorizado, foge de Corinto e dos seus supostos pais, acabando por matar um velho que o insultou durante uma briga à beira da estrada.

12 de maio

COMÍCIOS DE AMOR (1965)

Pasolini veste o uniforme de cineasta de guerrilha, saindo à rua de microfone na mão, para falar de sexo com os seus compatriotas. Interessado pelo tempo em que vivia, Pasolini deu, com este filme, um exemplo notável do que se chamava na época "cinema-verdade". Objecto documental inusitado de um criador apostado em desafiar os limites e convenções do meio.