Publicado em 24 May. 2025 às 19:20, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Festivais de cinema)
O realizador iraniano venceu o Festival de Cannes com o filme "Um Simples Acidente".
O cineasta iraniano Jafar Panahi foi distinguido este sábado com a Palma de Ouro do Festival de Cannes pela longa-metragem "Um Simples Acidente", marcando um momento histórico tanto para a sua carreira como para o panorama cinematográfico internacional. A cerimónia contou com a presença do realizador, autorizado a viajar fora do Irão pela primeira vez em 15 anos pelas autoridades iranianas.
Juliette Binoche, atriz francesa que presidiu ao júri, sublinhou o poder transformador da arte. "A arte mobiliza a energia criativa da parte mais preciosa e mais viva de nós. Uma força que transforma a escuridão em perdão, esperança e vida nova", afirmou durante a entrega do prémio.
Panahi, que tem uma carreira marcada pela resistência artística e pela crítica ao regime iraniano, agradeceu emocionado. "Este é o momento de pedir a todos os iranianos, estejam onde estiverem, que coloquem de lado as diferenças. O mais importante é a liberdade do nosso país", declarou ao receber a distinção.
Com este galardão, Panahi junta-se ao seleto grupo de realizadores que conquistaram os prémios máximos nos três maiores festivais europeus: Urso de Ouro em Berlim, Leão de Ouro em Veneza e, agora, a Palma de Ouro em Cannes.
"Um Simples Acidente" acompanha a história de Vahid, um ex-prisioneiro político que reconhece num homem amputado o indivíduo responsável pela sua tortura anos antes. O protagonista inicia uma busca por confirmação junto de outros sobreviventes.
O segundo maior prémio da noite, o Grande Prémio do Júri, foi atribuído ao norueguês Joachim Trier pela obra "Sentimental Value". O Prémio do Júri foi repartido entre "Sîrat", de Oliver Laxe (Espanha), e "Sound of Falling", de Mascha Schilinski (Alemanha).
O cinema brasileiro teve uma presença de destaque nesta edição do festival. "O Agente Secreto", de Kléber Mendonça Filho, ambientado no período da ditadura militar nos anos 70, arrecadou dois importantes galardões: Melhor Realização, para Kléber Mendonça Filho, e Melhor Interpretação Masculina, atribuída a Wagner Moura.
A atriz francesa Nadia Melliti foi distinguida com o prémio de Melhor Atriz pela sua atuação em "La Petite Dèrniere", realizado por Hafsia Herzi. O Prémio Especial do Júri foi para o chinês Bi Gan, pelo filme "Resurrection".
Entre os galardões reservados às novas vozes do cinema, a Câmara de Ouro, que distingue a melhor primeira obra apresentada no festival, foi atribuída a "The President"s Cake", do realizador iraquiano Hasan Hadi, com menção especial a "My Father"s Shadow", do nigeriano Akinola Davies Jr.
Na secção de curtas-metragens, a Palma de Ouro foi entregue a "I"m Glad You"re Dead Now", do palestiniano Tawfeek Barhom, com menção especial para "Ali", de Adnan Al Rajeev, do Bangladesh.
Palma de Ouro
"It Was Just an Accident", Jafar Panahi (Irão)
Grande Prémio
"Sentimental Value", Joachim Trier (Noruega)
Prémio do Júri
"Sîrat", Oliver Laxe (Espanha)
"Sound of Falling", Mascha Schilinski (Alemanha)
Melhor Ator
Wagner Moura (Brasil), "O Agente Secreto"
Melhor Atriz
Nadia Melliti (França), "La Petite Dèrniere"
Melhor Realização
Kléber Mendonça Filho (Brasil), "O Agente Secreto"
Melhor Argumento
"Jeunes Mères", Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne (Bélgica)
Prémio Especial
"Resurrection", Bi Gan (China)
Câmara de Ouro (melhor primeira obra exibida no festival)
"The President's Cake", Hasan Hadi (Iraque)
Menção especial: "My Father's Shadow", Akinola Davies Jr. (Nigéria)
Palma de Ouro Curta-metragem
"I'm Glad You"re Dead Now", Tawfeek Barhom (Palestina)
Menção especial: "Ali", Adnan Al Rajeev (Bangladesh)