Publicado em 30 Dez. 2012 às 15:18, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Temporada de prémios, Oscars)
Parte considerável dos votantes para os Oscars estão com dificuldade perante o novo sistema de voto via Internet.
Este ano, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS) decidiu que era chegada a altura de adotar as novas tecnologias. O organismo que tutela a entrega dos Oscars passou a permitir aos seus associados que votassem eletronicamente, via Internet.
Na teoria parecia fantástica a substituição do ato de enviar boletins por correio por alguns momentos ao computador. A maior rapidez de todo o processo permitiu antecipar o anúncio das nomeações para 10 de janeiro. Uma medida protecionista por parte da Academia cada vez mais ameaçada por uma exurrada de outros prémios de cinema.
Tudo seria perfeito não fossem algumas particulariedades na composição da assembleia de votantes.
Uma série de artigos publicados no jornal Los Angeles Times (LAT) em fevereiro de 2012 desvendaram a composição desse grupo de atores, produtores, realizadores e técnicos de diversas áreas que, anualmente, têm a responsabilidade de escolher os melhores perante uma audiência planetária.
São perto de 5.800 os elementos votantes da Academia. A lista completa não é conhecida, mas a investigação aprofundada do LAT conseguiu confirmar a identidade de 5.100 membros, quase 90% do total.
Os dados obtidos permitem extrair algumas tendências surpreendentes:
Em termos de composição étnica, 94% são brancos. Os afro-americanos representam apenas 2% e os latinos outro tanto. Quanto ao género, 77% são homens.
Em termos de idade, é notório o envelhecimento do quórum da Academia: 54% tem mais de 60 anos e só 2% ainda não chegou aos 40.
Metade trabalhou em cinema nos últimos dois anos. No entanto, como a filiação é para a a vida, sobra a outra metade que - surpresa - inclui gente que deixou a área para se dedicar a outras atividades: uma freira, ou o dono de uma livraria, por exemplo.
Tendo estes dados em mente, torna-se mais fácil compreender as dificuldades que os membros da Academia estão a sentir com o voto eletrónico. A maioria dos votantes tem mais de 60 anos, em bastantes casos pouca ou nenhuma prática do uso da Internet e outros nem sequer possuem um computador.
Um porta-voz da AMPAS afirmou ao The Hollywood Reporter (THR) que grande parte das queixas recebidas tinham a ver com as palavras passe necessárias para votar. Mas os problemas podem ser maiores e mais profundos. Em última análise poderão mesmo alterar o sentido de voto e o tipo de filmes escolhidos.
O maior receio (ou esperança, conforme os pontos de vista) é que os membros menos dotados para a tecnologia - em princípio os mais velhos e mais conservadores - simplesmente não votem, deixando a escolha para os mais novos e alterando dessa forma a relação de forças no seio da Academia.
Receios infundados, alarmismo, ou pouca confiança na capacidade de adaptação dos veteranos? As respostas serão conhecidas a 10 de janeiro de 2013, data de anúncio das nomeações.