Publicado em 11 Mar. 2024 às 09:36, por António Quintas, em Notícias de cinema (Temas: Oscars)
Christopher Nolan foi coroado o melhor realizador, enquanto Emma Stone e Cillian Murphy levaram as estatuetas para melhores atores numa noite em que as guerras em Gaza e na Ucrânia foram lembradas.
Com apresentação de Jimmy Kimmel, a 96.ª edição dos Óscares pôs fim a mais uma temporada de prémios de cinema nos Estados Unidos. "Oppenheimer" ganhou sete de 13 nomeações, incluindo melhor filme, realização, ator e ator secundário e ainda direção de fotografia, montagem e banda sonora.
"Pobres Criaturas" saiu do Dolby Theatre em Los Angeles, com a estatueta dourada para a melhor atriz, entregue a Emma Stone, e ganhou também três categorias da parte visual do filme: cenografia, caracterização e guarda-roupa.
Duas das surpresas da noite deram Óscares ao Japão e apareceram nas categorias de melhor longa-metragem animada, com o prémio entregue a "O Rapaz e a Garça", do mestre do anime Hayao Miyazaki, e melhores efeitos visuais, a mais recente iteração do monstro clássico do cinema, "Godzilla Minus One".
Inesperada foi também a entrega do Oscar de melhor atriz a Emma Stone, em detrimento da favorita, Lily Gladstone, que seria a primeira indígena norte-americana a receber este prémio, pelo seu trabalho em "Assassinos da Lua das Flores". E já que falamos de Scorsese, o veterano voltou a terminar a noite em branco com o seu filme sobre os assassinatos na comunidade Osage a falhar todas as dez categorias para que estava nomeado.
Igualmente de nota, o primeiro Oscar para Wes Anderson, mas por uma curta-metragem e o segundo triunfo para uma canção de Billie Eilish e Finneas O'Connell que, após "No Time to Die", do filme homónimo de James Bond (2022), voltaram a ganhar com "What Was I Made For?", da banda sonora de "Barbie".
Para lá dos habituais agradecimentos e lágrimas de alegria, a cerimónia foi inevitavelmente pontuada por intervenções de carácter político. O anfitrião da cerimónia, Jimmy Kimmel, lançou farpas afiadas ao provável candidato republicano à presidência dos EUA, Donald Trump, que tinha acabado de criticar o apresentador numa publicação na Internet. "Obrigado, Presidente Trump. Estou surpreendido por ainda estar aqui, não está na hora de ir para a prisão?", retorquiu Kimmel, num jogo de palavras que combinava a hora tardia com os problemas legais de Trump.
Outras intervenções mais sérias ocorreram quando o realizador judeu britânico Jonathan Glazer, vencedor do Óscar de melhor filme estrangeiro por "A Zona de Interesse", sobre o horror do Holocausto, referiu o conflito entre israelitas e palestinianos dizendo: "Recusamo-nos a permitir que o nosso judaísmo e o Holocausto sejam tomados por uma ocupação que causou tanto sofrimento a tantas pessoas inocentes, quer se tratem das vítimas em Israel, a 7 de outubro, ou do atual ataque em Gaza, todas são vítimas de desumanização".
Por sua vez, o jornalista da Associated Press, Mstyslav Chernov, realizador do documentário vencedor, "20 dias em Marioupol", sobre o cerco à cidade ucraniana durante a invasão russa, afirmou: "Sou provavelmente o primeiro realizador neste palco a dizer que preferia nunca ter feito este filme, se em troca a Rússia não tivesse atacado a Ucrânia e ocupado as nossas cidades".
Finalmente, Alexeï Navalny, foco do documentário que ganhou o Óscar em 2023, surgiu a abrir o segmento de homenagem aos que morreram. O opositor do presidente russo Vladimir Putin, faleceu a 16 de fevereiro numa prisão na Sibéria,
Melhor filme: "Oppenheimer"
Melhor ator: Cillian Murphy em "Oppenheimer"
Melhor ator secundário: Robert Downey Jr. em "Oppenheimer"
Melhor atriz: Emma Stone em "Pobres Criaturas"
Melhor atriz secundária: Da'Vine Joy Randolph em "Os Excluídos"
Melhor realização: "Oppenheimer", Christopher Nolan
Melhor filme internacional: "A Zona de Interesse", Jonathan Glazer (Reino Unido)
Melhor filme de animação: "O Rapaz e a Garça", Hayao Miyazaki
Melhor documentário: "20 Days in Mariupol", Mstyslav Chernov
Melhor curta-metragem animada: "WAR IS OVER! Inspired by the Music of John & Yoko", Dave Mullins
Melhor curta-metragem: "The Wonderful Story of Henry Sugar", Wes Anderson
Melhor documentário (curta-metragem): "The Last Repair Shop", Ben Proudfoot e Kris Bowers
Melhor argumento adaptado: "American Fiction", por Cord Jefferson
Melhor argumento original: "Anatomia de Uma Queda", por Justine Triet e Arthur Harari
Melhor direção de fotografia: "Oppenheimer", Hoyte van Hoytema
Melhor montagem: "Oppenheimer", Jennifer Lame
Melhor som: "A Zona de Interesse", Tarn Willers e Johnnie Burn
Melhor banda sonora original: "Oppenheimer", Ludwig Göransson
Melhor canção original: "What Was I Made For?" de "Barbie" - música e letra por Billie Eilish e Finneas O'Connell
Melhor cenografia: "Pobres Criaturas"
Melhores efeitos visuais: "Godzilla Minus One"
Melhor guarda-roupa: "Pobres Criaturas"
Melhor caracterização: "Pobres Criaturas"