O Irão nos cinemas portugueses a 26 de janeiro

O mais recente filme de Jafar Panahi e dois capítulos fundamentais da obra de Abbas Kiarostami chegam às salas de cinema portuguesas a 26 de janeiro.

Distinguido com o Prémio Especial do Júri no último Festival de Veneza, "Ursos Não Há", o novo filme de Jafar Panahi, retrata duas histórias de amor. Uma delas é seguida à distância por um realizador perseguido pelo regime (o próprio Panahi). A outra, passa-se numa aldeia que reproduz os problemas e contradições do Irão atual.

Impedido de filmar, sair do país, ou expressar-se publicamente desde 2010, Panahi sempre conseguiu, de modo clandestino, prosseguir com o seu trabalho.

Em 2011, no documentário "Isto não é um Filme", o cineasta mistura planos filmados com câmara e imagens registadas a partir de um telemóvel para retratar o dia a dia durante a prisão domiciliária no seu apartamento em Teerão. Escondido numa pen drive colocada num bolo de aniversário, o filme acabou por chegar ao Festival de Cannes e foi exibido numa sessão especial.

A rodagem na clandestinidade repetiu-se primeiro em "Pardeh" (2013), e depois em "Taxi" (2015) que venceu o Festival de Berlim, e "Três Rostos" (2018), melhor argumento em Cannes.

Infelizmente, Panahi foi outra vez preso em julho de 2022, quando tentava saber notícias de colegas cineastas detidos pelo regime iraniano.

Kiarostami restaurado

Também a 26 de janeiro chegam pela primeira vez aos cinemas nacionais duas obras do início de carreira de Abbas Kiarostami, "Onde fica a Casa do meu Amigo?" (1987) e "Trabalhos de Casa" (1989).  

Em versões restauradas pela Cinemateca de Bolonha e pela produtora MK2, Kiarostami reflete sobre a infância, a amizade, a responsabilidade e o sistema educacional iraniano, num retrato da riqueza e complexidade da sociedade rural iraniana.

"Onde fica a Casa do meu Amigo?" acompanha um rapaz de oito anos que tenta encontrar um colega de escola depois de acidentalmente lhe ter ficado com o caderno onde tem de fazer os trabalhos de casa.

Filmado em 16mm numa escola primária de Teerão, "Trabalhos de Casa" entrevista alunos e pais. A pretexto do excesso de trabalhos de casa, revelam-se problemas bem mais sérios como a iliteracia, os castigos corporais e a pobreza.