Publicado em 11 Jan. 2013 às 01:06, por Samuel Andrade, em Notícias de cinema (Temas: Temporada de prémios, Oscars)
Um olhar mais atento sobre os candidatos aos prémios da Academia.
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou hoje, pelas vozes de Emma Stone e Seth MacFarlane, o anfitrião da cerimónia deste ano, os nomeados para a 85ª edição dos Oscars.
E num ano em que parece difícil salientar um título como principal candidato, é possível distribuir o favoritismo, pelo número de referências alcançado, por "Lincoln", de Steven Spielberg (12), "A Vida de Pi", de Ang Lee (11) e "Guia Para Um Final Feliz", de David O. Russell (8).
Outro filme no rol dos potenciais vencedores é "00:30 A Hora Negra", de Kathryn Bigelow. Apesar de somar apenas cinco nomeações, e da polémica em torno da sua descrição de tortura por parte dos serviços secretos norte-americanos em prol da guerra ao terrorismo, os triunfos que obteve junto de importantes círculos de críticos, como os de Nova Iorque ou do National Board of Review, atestam o género de prestígio artístico que, por vezes, a Academia gosta de premiar.
Analisando os indicados nas 24 categorias em competição, não se pode afirmar que este seja um ano desprovido de históricas nomeações, ilustres esquecidos e alguns curiosos temas de reflexão:
Sem dúvida, a categoria responsável pelas maiores surpresas desta edição dos Oscars. Apesar de estarem nomeados para os Directors Guild Awards e prémios BAFTA, Ben Affleck, por "Argo", e Kathryn Bigelow, por "00:30 A Hora Negra", viram a sua presença no lote de candidatos negada pelas surpreendentes inclusões de Michael Haneke, por "Amor", e do estreante Benh Zeitlin, por "As Bestas do Sul Selvagem".
Nomeação igualmente gorada a Quentin Tarantino e Tom Hooper, por "Django Libertado" e "Os Miseráveis", respetivamente, apesar de os títulos estarem indicados para Melhor Filme.
Um lote de cinco realizadores que, pela sua composição algo inesperada, aumenta o grau de incerteza em relação ao grande vencedor da noite dos Oscars.
Com a curiosidade de incluir as atrizes mais velha (Emmanuelle Riva, de 85 anos, por "Amor") e mais nova (Quvenzhané Wallis, de 8 anos, por "As Bestas do Sul Selvagem") de sempre a serem nomeadas na história dos prémios da Academia, esta será mais do que uma "disputa entre idades".
De fora ficaram as já oscarizadas Marion Cotillard (por "De Rouille et D’os") e Helen Mirren (por "Hitchcock"), assegurando a entrada de uma estreante no rol de vencedoras da Academia.
Não pode haver lugar para todos, é certo.
Contudo, nota-se a fraca prestação de triunfos críticos como "O Mentor" (conseguiu, todavia, três nomeações para os atores) e "Moonrise Kingdom" (nomeado para Melhor Argumento Original).
Realce, também, para a total ausência de títulos com grande apelo popular: "O Cavaleiro das Trevas Renasce", "Os Jogos da Fome", "Cloud Atlas" ou "Looper – Reflexo Assassino" ficaram a zero.
"Amigos Improváveis", a produção francesa mais carismática do ano e enorme sucesso de bilheteira, não está nomeado para Melhor Filme Estrangeiro – sem dúvida, o maior "choque" nesta estatueta.
2012 proporcionou inúmeras interpretações de relevo, não sendo de estranhar que, na hora das nomeações, nomes favoritos como John Hawkes (por "Seis Sessões"), Leonardo DiCaprio e Samuel L. Jackson (por "Django Libertado") ou Matthew McConaughey (por "Magic Mike") tenham sido esquecidos pelos votos da Academia.
A menos que as cinco nomeações para "Amor" sejam um prenúncio de grandes surpresas, a próxima cerimónia dos Oscars poderá ser a mais americana dos últimos anos.
Os claros favoritismos de filmes como "Lincoln" (uma biografia do 16.º presidente dos Estados Unidos da América), "00:30 A Hora Negra" (relato da campanha militar norte-americana que levou à morte de Osama Bin Laden) e "Guia Para Um Final Feliz" (comédia romântica repleta de american way of life), assim como a possibilidade de as categorias de interpretação serem dominadas por atores norte-americanos, revelam, este ano, uma opinião mais doméstica por parte dos membros da Academia.
Entre surpresas e dúvidas, a única certeza é de que conheceremos os vencedores da 85ª entrega dos Oscars na cerimónia que terá lugar, a 24 de fevereiro próximo, no Dolby Theatre, em Los Angeles.