Cartaz de cinema

Morreu Sidney Poitier: o primeiro ator de origem africana a ganhar um Oscar tinha 94 anos

Publicado em 7 Jan. 2022 às 17:20, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Obituário)

Morreu Sidney Poitier: o primeiro ator de origem africana a ganhar um Oscar tinha 94 anos

Ator, realizador e escritor, derrubou barreiras raciais nos EUA com papéis em filmes como "Adivinhem Quem Vem Jantar", ou "No Calor da Noite".

Sidney Poitier, primeiro negro vencedor do Óscar do melhor actor com "Os Lírios do Campo", morreu sexta-feira, aos 94 anos, de acordo com uma fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros das Bahamas.

Nasceu em Miami, a 20 de fevereiro de 1927, mas cedo se mudou com a família para as Bahamas. Aos 16 anos regressou aos EUA e, em Nova Iorque, efetuou uma sucessão de pequenos trabalhos enquanto frequentava aulas de representação. Estreou-se nos palcos numa companhia de atores negros substituindo Harry Belafonte, que viria a tornar-se outro grande nome das artes entre a comunidade da diáspora africana.

Ainda nos anos 40 conseguiu papéis de sucesso na Broadway até que, em 1950 se estreou no cinema em "No Way Out", drama de Joseph L. Mankiewicz protagonizado por Richard Widmark onde interpretava um médico que tem de tratar dois racistas brancos.

Em 1959, é o primeiro ator negro nomeado para um Oscar de ator principal por "Os Audaciosos", onde contracena com Tony Curtuz na história de dois condenados em fuga acorrentados juntos, um branco e outro negro, que têm de entender-se a fim de escapar à captura.

O momento histórico chega cinco anos depois quando vence com "Os Lírios do Campo", pelo papel de um faz-tudo que ajuda freiras alemãs a construir uma capela no deserto.

Criterioso na escolha dos papéis, privilegia as personagens fortes afastadas dos estereótipos que, durante décadas foram a regra para os atores de origem africana: "Uma Réstea de Azul" em 1965, onde ajuda uma rapariga branca cega a escapar à família violenta; "Chamada Para a Vida" (1965), como voluntário numa linha de apoio a potenciais suicidas, ou no western "Duelo em Diablo" ao lado de James Garner.

Em 1967, surge no marcante "Adivinha Quem Vem Jantar", como um homem negro com uma noiva branca, em "No Calor da Noite" na pele de Virgil Tibbs, um polícia negro que enfrenta o racismo durante uma investigação de homicídio, e no papel de um professor numa escola londrina em "O Ódio Que Gerou o Amor".

Em 1974, Poitier é nomeado cavaleiro pela Rainha Elizabeth II da Grã-Bretanha, em 1992, recebe o prémio de carreira do Instituto Americano de Cinema, em 2002, o Oscar honorário e em 2009, Barack Obama, entrega-lhe a mais alta condecoração civil dos EUA, a Medalha Presidencial da Liberdade.

Serviu ainda como embaixador das Bahamas no Japão e na UNESCO.