Cartaz de cinema

Morreu Sean Connery - o antigo James Bond tinha 90 anos

Publicado em 31 Out. 2020 às 12:40, por António Quintas, em Notícias de cinema (Temas: Obituário)

Morreu Sean Connery - o antigo James Bond tinha 90 anos

Morreu o ator britânico Sean Connery, conhecido sobretudo pelo papel como James Bond em sete dos filmes que adaptaram ao cinema os livros de espionagem de Ian Fleming.

A notícia está a ser avançada pela BBC. De acordo com o filho do ator, "Sir Sean morreu serenamente durante o sono, durante uma estadia nas Bahamas, e encontrava-se adoentado há algum tempo."

Numa carreira longa de mais de seis décadas, recebeu um Oscar por "Os Intocáveis" (1988), dois Globos de Ouro e dois prémios BAFTA da academia britânica.

Entre outros trabalhos de destaque inclui-se a participação em filmes como "The Rock", "Indiana Jones e a Última Cruzada", e "A Caça ao Outubro Vermelho".

Em agosto tinha cumprido 90 anos.

Nasceu em Edimburgo, na Escócia, em 1930. Passou o fim da adolescência na marinha, de onde saiu aos 19 anos. Foi salva-vidas e conduziu camiões. A prática do culturismo levou-o mesmo a ser terceiro classificado num concurso de Mr. Universo, no início dos anos 50.

Acabou por arranjar trabalho como assistente nos bastidores no King's Theater, na sua cidade natal. A passagem para a frente do palco deu-se com um pequeno papel numa peça. Depois de um conjunto de trabalhos de pequena monta, primeiro no teatro e, mais tarde, na televisão e no cinema, Connery conseguiu a grande oportunidade da sua vida ao ser escolhido para desempenhar o papel do agente secreto 007 na primeira adaptação ao cinema das obras de Ian Fleming.

A opção por Connery não foi unânime e deveu algo à pressão de duas mulheres, Dana Broccoli, casada com o produtor Alberto Broccoli; e Blanche Blackwell, namorada de Fleming. Terão sido elas que convenceram os seus parceiros a escolher o escocês, de grande envergadura física, mas pouco polido.

Fleming só terá ficado rendido ao charme de Sean Connery após o sucesso do primeiro filme, "Dr. No", lançado em 1962. Seguiram-se "From Russia with Love (1963)", "Goldfinger" (1964), "Thunderball" (1965) e "You Only Live Twice" (1967)".

No meio do seu período "Bond", o ator ainda conseguiu aparecer num dos últimos filmes de Alfred Hitchcock, "Marnie", de 1964, ao lado de Tippi Hedren (um anos depois de "The Birds").

Cansado de interpretar Bond, foi substituído por George Lazenby em "On Her Majesty's Secret Service", de 1969, mas o fracasso comercial desse filme levou-o a regressar em "Diamonds Are Forever" (1971).

Em 1975 trabalhou ao lado do seu grande amigo Michael Caine em "The Man Who Would Be King", realizado por John Houston a partir da obra de Rudyard Kipling, e protagonizou "The Wind and the Lion", épico na linha de "Lawrence da Arábia" dirigido por John Millius, onde contracenou com Candice Bergen. No ano seguinte foi Robin Hood em "Robin and Marian", com Audrey Hepburn. Apareceu também em "Crime no Expresso do Oriente" (1974) e "Uma Ponte Longe de Mais" (1977).

Em 1983, Connery foi James Bond por uma última vez, em "Never Say Never Again", o filme que não surge nas "contas oficiais" por ter sido produzido fora da Eon Films, responsável pelas outras longas-metragens.

Após dois anos de pausa, o escocês reapareceu no sucesso comercial que foi "O Nome da Rosa", adaptação do livro de Umberto Eco. Seguiram-se "Highlander" e "Os Intocáveis", que lhe valeu o Oscar de Melhor Ator Secundário. A transição dos anos 80 e 90 trouxe-lhe ainda sucessos em "Indiana Jones e a Última Cruzada", a "A Caça ao Outubro Vermelho", "A Casa da Rússia" e "The Rock".

O último grande papel de Connery no cinema aconteceu em 2003 com "Liga de Cavalheiros Extraordinários". Em 2007 anunciou a retirada da atividade.

Os atuais produtores dos filmes de James Bond, Michael G. Wilson e Barbara Broccoli reagiram à morte de Sean Connery dizendo:

Estamos arrasados com a notícia do falecimento de Sir Sean Connery. Ele foi e sempre será lembrado como o James Bond original, cuja entrada indelével na história do cinema teve início quando pronunciou aquelas palavras inesquecíveis - "O nome é Bond ... James Bond" - revolucionou o mundo com o seu retrato corajoso e bem humorado do agente secreto sensual e carismático. Ele é, sem dúvida, o grande responsável pelo sucesso dos filmes e a ele estaremos eternamente gratos.