Cartaz de cinema

Morreu Sam Shepard - o herói de "Os Eleitos" destacou-se também na escrita para cinema e teatro

Publicado em 31 Jul. 2017 às 21:33, por Samuel Andrade, em Notícias de cinema (Temas: Obituário)

Morreu Sam Shepard - o herói de "Os Eleitos" destacou-se também na escrita para cinema e teatro

O autor de "Paris, Texas" e "Deserto de Almas" tinha 73 anos.

Sam Shepard faleceu na passada quinta-feira, no Kentucky, aos 73 anos, vítima de complicações causadas pela esclerose lateral amiotrófica de que padecia.

Natural do Illinois, Sam Shepard descobriu talento artístico enquanto estudante de agricultura, em Los Angeles. Cedo se interessou pelo teatro, fazendo parte de grupos com sede em Nova Iorque e assinando diversas peças levadas ao palco durante os anos 60.

O cinema surgiu na vida de Sam Shepard enquanto argumentista, nomeadamente pelos guiões de "Deserto de Almas" (1970, de Michelangelo Antonioni) e, mais tarde, de "Paris Texas" (1984, de Wim Wenders, vencedor da Palma de Ouro de Cannes).

A partir de 1978, com "Dias do Paraíso", de Terrence Malick, enveredou por uma carreira de ator, protagonizando mais de 40 títulos no grande ecrã, dos quais se destacam "Frances" (1982, onde conheceu a atriz Jessica Lange, dando início a uma relação que durou mais de 30 anos), "Os Eleitos" (1983, nomeado para Melhor Ator Secundário pelo seu desempenho de Chuck Yeager, o primeiro homem a quebrar a barreira do som), "Flores de Aço" (1989), "O Dossier Pelicano" (1993), "Cercados" (2001) e "Fuga" (2012).

Para além da longa carreira como ator, Sam Shepard distinguiu-se também no campo das Letras. Considerado um dos nomes mais influentes do movimento off-Broadway e vencedor, em 2009, do prémio de mérito PEN/Laura Pels (atribuído a dramaturgos com produção teatral de grande qualidade), foi autor de cerca de quatro dezenas de peças (sobretudo, "Buried Child", pelo qual foi galardoado com o Prémio Pulitzer de Teatro, em 1979) e uma dezena de livros de contos e crónicas.

Homem de personalidade humilde mas aguerrida, sem receio da reflexão sobre o lado negro das relações familiares na América e com constante respeito pelo espectador, Sam Shepard definiu, certa vez, o seu motor criativo com estas palavras: "o medo da plateia é muito grande mas, por outro lado, o desejo de explorar novos territórios está sempre presente".