Morreu o cineasta brasileiro Cacá Diegues, fundador do Cinema Novo

O cineasta brasileiro Cacá Diegues faleceu hoje, no Rio de Janeiro, aos 84 anos, devido a complicações após uma cirurgia.

Nascido em Maceió, no estado de Alagoas, no nordeste do Brasil, em maio de 1940, Carlos José Fontes Diegues, conhecido como Cacá Diegues, foi um dos precursores do movimento artístico Cinema Novo. Mudou-se para o Rio de Janeiro ainda criança e iniciou a trajetória no cinema enquanto cursava Direito na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). O cineclube que ajudou a fundar na universidade foi um dos núcleos de criação do Cinema Novo, movimento que se inspirou no neorrealismo italiano e na Nouvelle Vague francesa.

Entre os seus filmes mais marcantes estão "Ganga Zumba" (1964), "A Grande Cidade" (1966) e "Xica da Silva" (1976).

Cacá Diegues teve de exilar-se na Europa devido à participação na resistência intelectual e política à ditadura militar. Após o regresso ao Brasil, dirigiu "Quando o Carnaval Chegar" (1972), a co-produção com França "Joanna Francesa" (1973) protagonizada por Jeanne Moreau, e "Bye Bye, Brasil" (1980).

No período de revitalização da produção cinematográfica no Brasil após a crise económica dos anos 80, lançou "Tieta do Agreste" (1996) e "Orfeu" (1999). O seu último filme foi "O Grande Circo Místico", rodado em Portugal e lançado em 2018, o mesmo ano em que foi eleito para a Academia Brasileira de Letras.

A academia emitiu uma nota onde expressa solidariedade com a esposa de Cacá Diegues, Renata Almeida Magalhães, e os filhos. O presidente do Brasil, Lula da Silva, também lamentou a morte do cineasta, destacando a sua contribuição para o cinema brasileiro e a luta pela defesa da liberdade e da cultura.