Cartaz de cinema

Morreu a atriz Émilie Dequenne

Publicado em 17 Mar. 2025 às 17:43, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Obituário, Cinema Europeu)

Morreu a atriz Émilie Dequenne

A atriz belga, premiada em Cannes pelo seu papel em "Rosetta" dos irmãos Dardenne, um dos maiores talentos do cinema francófono recente, morreu aos 43 anos vítima de um cancro raro.

Morreu domingo, 16 de março, a atriz belga Émilie Dequenne, aos 43 anos, vítima de um cancro raro na glândula suprarrenal.

A notícia foi confirmada pela família e pelo agente da atriz à agência France-Presse (AFP), que revelaram que Dequenne passou os últimos dias em cuidados paliativos no hospital Gustave Roussy, em Villejuif, nos arredores de Paris.

Émilie Dequenne alcançou reconhecimento internacional com a estreia no cinema em "Rosetta", um filme de 1999 realizado pelos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne. Na obra, que venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes, a atriz interpretou o papel principal de uma jovem em busca de sobrevivência num contexto de adversidade, o que lhe valeu o prémio de Melhor Atriz no mesmo festival, aos 18 anos.

Este desempenho marcou o início de uma carreira que a consolidou como uma das figuras mais talentosas do cinema francófono nas últimas décadas.

Dequenne destacou-se igualmente em "O Pacto dos Lobos" (2001), de Christophe Gans, uma produção de época que misturou suspense e ação, tornando-se um sucesso de bilheteira; "A Perder a Razão" (2012), de Joachim Lafosse, onde encarnou Murielle, uma mãe marcada por uma tragédia familiar, desempenho que lhe rendeu novo prémio em Cannes, na secção Un Certain Regard.

Também brilhou em "As Coisas que Dizemos, As Coisas que Fazemos" (2020), de Emmanuel Mouret, que lhe valeu o César do cinema francês para Melhor Atriz Secundária em 2021. Mais recentemente, em "Close" (2022), de Lukas Dhont, deu vida a Sophie, a mãe de um dos protagonistas, no drama nomeado para o Óscar de Melhor Filme Internacional.

Diagnosticada em 2023, Dequenne partilhou publicamente a doença, mantendo uma postura de resiliência. Apesar de uma breve remissão em 2024, que lhe permitiu regressar a Cannes para celebrar os 25 anos de "Rosetta", o cancro reapareceu de forma mais agressiva no final do ano passado.

Na Bélgica, as reações à sua morte foram de profundo pesar e admiração. Os irmãos Dardenne, que a dirigiram em Rosetta, compararam-na à lendária Anna Magnani, destacando a sua força e autenticidade, numa entrevista ao jornal Le Soir. Jean-Pierre Dardenne descreveu-a como "uma mulher generosa e radiante", enquanto Luc Dardenne sublinhou que "trouxe uma vitalidade única ao cinema". A atriz belga Leïla Bekhti, colega de profissão, também lhe prestou homenagem, chamando-a de "um exemplo de coragem e talento". Elisabeth Degryse, presidente da Academia Magritte, que premeia o cinema belga, lamentou a perda de "uma das maiores estrelas do nosso país", recordando os seus múltiplos prémios.

A ministra francesa da Cultura, Rachida Dati, lamentou a perda, afirmando que o cinema perdeu "uma atriz talentosa que ainda tinha muito a oferecer".