Publicado em 16 Fev. 2021 às 18:37, por Samuel Andrade, em Notícias de cinema (Temas: Obituário, Cinema Português)
Com mais de seis décadas de atividade artística, a atriz faleceu ontem aos 96 anos.
Carmen Dolores faleceu na segunda-feira, em Lisboa, aos 96 anos. O seu percurso artístico atravessou seis décadas de contacto e apreço permanentes junto do público português, através da presença em diversos meios de difusão onde espelhou o seu talento.
Com apenas 12 anos, integrou o elenco do teatro do Rádio Clube Português, onde, ao lado de atores consagrados como Laura Alves, ou Alves da Costa, interpretou várias peças radiofónicas com imenso sucesso popular. Foi, contudo, no teatro e no cinema que o seu nome afirmou-se no panorama artístico português.
De 1945 até 2005, ano em que cessou a carreira teatral, Carmen Dolores pisou os palcos do Teatro da Trindade (integrando, então, a famosa Companhia Os Comediantes de Lisboa), do Teatro Nacional D. Maria II e do Teatro Aberto, tendo sido uma das fundadoras da Companhia do Teatro Moderno de Lisboa, que, entre 1961 e 1965, atuou no Cinema Império.
Entre as suas interpretações mais célebres, contam-se adaptações de "Frei Luís de Sousa" (Almeida Garrett), "Sonho de Uma Noite de Verão" (William Shakespeare), "Electra, a Mensageira dos Deuses" (Jean Giraudoux) ou "O Gebo e a Sombra" (Raul Brandão).
No grande ecrã, Carmen Dolores estreou-se, aos 19 anos, como a protagonista de "Amor de Perdição" (realizado por António Lopes Ribeiro). Embora a sua filmografia contabilize poucos títulos, a atriz trabalhou às ordens de cineastas como José Leitão de Barros ("Camões", 1946), Artur Semedo ("Malteses, Burgueses e às Vezes", 1974), António de Macedo ("O Princípio da Sabedoria", 1976), José Fonseca e Costa ("Balada da Praia dos Cães", 1987) e Luís Galvão Teles ("Retrato de Família", 1991).
O rosto de Carmen Dolores tornou-se, também, conhecido pelas várias produções televisivas em que participou. Nessa carreira, destaca-se o telefilme "Comédia à Moda Antiga" (1986, co-protagonizada por Curado Ribeiro), as telenovelas "Passerelle" (1988) e "A Banqueira do Povo" (1993), ou como jurada no programa de talentos "Pátio da Fama" (1994).
Neste vasto currículo artístico, ficou sempre patente o profissionalismo e a entrega de Carmen Dolores à arte da representação, assim como uma notável capacidade de adaptação às exigências de cada meio em que trabalhava.
Agraciada com diversos prémios de interpretação, entre outras distinções foi também condecorada com as insígnias da Ordem do Infante D. Henrique e a Medalha de Mérito Cultural.