Cartaz de cinema

Lars von Trier confessa dependência de álcool e drogas

Publicado em 29 Nov. 2014 às 12:56, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Celebridades, Bastidores)

Lars von Trier confessa dependência de álcool e drogas

O realizador quebra o voto de silêncio numa confissão a um jornal dinamarquês e diz não saber se alguma vez voltará a filmar.

Lars von Trier, realizador de filmes como "Dancer in the Dark", ou "Melancolia", confessou numa entrevista ao jornal Politiken que está a ser tratado da dependência de álcool e drogas. O dinamarquês afirmou ao jornal que já não consome nenhuma das substâncias que lhe provocaram dependência. No entanto, continua a frequentar reuniões diárias dos Alcoólicos Anónimos.

O vício tornou-se tão problemático que von Trier diz ter sido obrigado a escolher entre o homem e o ser criativo, realizador de cinema. Perante o "desafio de se manter vivo", optou pelo homem, mesmo que assim venha a sacrificar as suas capacidades como artista.

Para o realizador, a criatividade esteve quase sempre ligada a um "universo paralelo" onde entrava através do consumo de uma garrafa de vodka por dia. E dá um exemplo: o guião de "Dogville", escrito em 12 dias, num estado de "êxtase".

Von Trier, de 58 anos, acredita numa ligação clara entre vício e criatividade: "nenhuma expressão criativa de valor artístico foi produzida por ex-bêbados e ex-toxicodependentes. Quem diabos daria importância aos Rolling Stones sem bebida, ou a Jimi Hendrix sem heroína?" Por isso, agora que abandonou o álcool e as drogas ilegais, von Trier duvida das suas capacidades:"Não sei se consigo fazer mais filmes. E isso atormenta-me".

A carreira de Lars Von Trier teve início nos anos 90, quando foi um dos fundadores do coletivo Dogma. Obteve sucesso internacional com "Ondas de Paixão" (Breaking the Waves), protagonizado por Emily Watson, e ganhou a Palma de Ouro de Cannes, em 2000, com "Dancer in the Dark",  um musical com Björk e Catherine Deneuve. A sua cinematografia inclui ainda títulos como "Os Idiotas (1998)", "Dogville (2003)", "Anticristo" (2009) e "Melancolia" (2011).

Esta foi a primeira entrevista de von Trier desde que prometeu deixar de falar à imprensa, na sequência do escândalo das suas declarações durante a edição 2011 do festival de Cannes, onde expressou simpatia pelo ditador nazi Adolf Hitler.