Cartaz de cinema

IndieLisboa 2022: programação completa com muito cinema português

Publicado em 6 Abr. 2022 às 22:49, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Festivais de cinema, Cinema Português)

IndieLisboa 2022: programação completa com muito cinema português

A três semanas do início da 19.ª edição, o IndieLisboa apresentou hoje a programação composta por cerca de 250 filmes.

O Indie regressa este ano ao calendário de sempre, entre 28 de abril e 8 de maio, com quase 250 filmes de curta e longa metragem e sessões no Cinema São Jorge, Culturgest, Cinemateca Portuguesa e Cinema Ideal, com uma extensão à Biblioteca Palácio Galveias.

A competição nacional de longas-metragens será a mais extensa de sempre, com nove obras, de autores de gerações e abordagens diferentes.

Em "Atrás Dessas Paredes", Manuel Mozos, fala sobre espaços que aprisionam, enquanto "Mato Seco em Chamas", de Adirley Queirós e Joana Pimenta, mostra o negócio peculiar de um grupo de habitantes de Ceilândia, perto de Brasília, dedicados a roubar petróleo de oleodutos para o transformarem em gasolina depois vendida aos motoqueiros da área.

"O Trio em Mi Bemol", de Rita Azevedo Gomes, adapta ao cinema a única peça de teatro de Éric Rohmer, numa espécie de comédia romântica em que o tema é o "recasamento". Já a primeira longa de Jorge Jácome,"Super Natural", mistura documentário, ficção e cinema experimental.

"Frágil", de Pedro Henrique, que também é DJ, acompanha um grupo de amigos que tudo faz para adiar o regresso a uma vida normal. No documentário "Périphérique Nord" o realizador Paulo Carneiro viajou dois mil quilómetros ao encontro de quem saiu de Portugal em busca de uma nova vida.

Renata Ferraz e Maria Roxo, duas mulheres com ofícios diferentes - o trabalho sexual e o trabalho cinematográfico - tentam encetar um diálogo, filmam e deixam-se filmar em "Rua dos Anjos".

"Viagem ao Sol", usa imagens de arquivos familiares para destacar os testemunhos de crianças vindas da Áustria para Portugal, após a Segunda Guerra Mundial, num filme de Susana de Sousa Dias e Ansgar Schaefer que é uma proposta de olhar para um passado que pode ter ressonância no presente.

É junto ao rio Pastaza entre Equador e Peru, que a realizadora Inês T. Alves visitou a comunidade Achua. Sem intenção formada de fazer um filme, a curiosidade e independência das crianças fluentes na pesca, na cozinha, ou no artesanato - resultou em "Águas de Pastaza".

 

Destaques curtas nacionais

Às Vezes Os Dias, Às Vezes A Vida

Janine Gonçalves assina "Às Vezes Os Dias, Às Vezes A Vida", um retrato cru sobre o dia de uma mãe e das pessoas que a rodeiam enquanto Maria Inês Gonçalves regressa ao IndieLisboa com "O Banho", pequena meditação sobre a magia e o perigo de tomar um banho

Ico Costa, deixa uma câmara com dois jovens moçambicanos de Inhambane e mostra o seu quotidiano em "Domy + Ailucha – Cenas Kets!" e "Azul", de Ágata de Pinho, acompanha Ara, uma mulher que acredita que desaparecerá quando fizer 28 anos.

Pedro Cabeleira regressa ao IndieLisboa com a comédia de costumes "By Flávio" sobre Márcia, aspirante a influencer digital que consegue um date com um rapper, mas não tem ninguém com quem deixar o seu filho.

As diferenças geracionais entre mãe e filho, a somar à herança da emigração, são os temas de "Mistida", do luso-guineense Falcão Nhaga, ao passo que "Tornar-se um Homem na Idade Média", de Pedro Neves Marques acompanha dois casais que lidam com problemas de fertilidade, de forma não convencional.

 

Sessões especiais

A Viagem de Pedro

Na abertura do festival, dois filmes restaurados no âmbito do Projecto Filmar, da Cinemateca Portuguesa. "Albufeira", curta-metragem dos anos 1960, de cariz promocional do turismo na cidade algarvia, realizada por António Macedo, um dos fundadores do Cinema Novo português; e "Zéfiro", onde José Álvaro de Morais caminha por Lisboa enquanto documentário, mas o que quer realmente é galgar o Rio Tejo em pleno modo ficcional, de forma a explorar a margem sul, donde parte à aventura Alentejo fora até ao Algarve.

A sessão de encerramento fica para "A Viagem de Pedro", de Laís Bodanzky, sobre o regresso de D. Pedro IV a Portugal para disputar a coroa com o seu irmão, Miguel.

João Botelho tem lugar de destaque nesta edição do Indie com duas novas obras. O documentário "O Jovem Cunhal" foca-se no revolucionário Álvaro Cunhal, líder histórico dos comunistas portugueses, mas adota um tom detectivesco, em que se examinam os seus primeiros anos da vida. Em "Uma Coisa em Forma de Assim", Botelho faz regressar Alexandre O"Neill, após ter adaptado "Um Adeus Português".

"Sita – A Vida e o Tempo de Sita Valles", de Margarida Cardoso, concentra-se no percurso da activista, anticolonialista e militante do Partido Comunista que morreu aos 25 anos, em 1977, em circunstâncias não totalmente conhecidas.

O filme de João Trabulo, "Lisboa, Cidade Triste e Alegre", é baseado no livro de fotografia dos arquitectos Victor Palla e Costa Martins, com o mesmo nome, considerado uma obra de referência pioneira da fotografia portuguesa contemporânea.

Em "Um Nome para o Que Sou", Marta Pessoa reflecte sobre Maria Lamas enquanto figura central do feminismo português.

 

Restauros e património cinematográfico

The History of the Civil

A secção Director"s Cut, integra cinco longas e duas curtas, mas a atenção centra-se, desde logo, Aqui, na exibição de  "The History of the Civil War", de Dziga Vertov, restaurado em 2021, no ano do centenário da exibição do documentário original que acompanha os anos de ressaca da Revolução Russa.

A curta "Stranger Than Rotterdam with Sara Driver" é a encenação animada de uma história que remete para a produção de "Stranger Than Paradise", filme de estreia de Jim Jarmusch, de 1982. Envolve a capacidade da produtora Sara Driver conseguir contrabandear rumo à Europa uma cópia de "Cocksucker Blues", filme banido de Robert Frank.