Cartaz de cinema

Ícone da nova vaga francesa e musa de Godard: Anna Karina morre aos 79 anos

Publicado em 16 Dez. 2019 às 21:47, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Obituário, Cinema Europeu)

Ícone da nova vaga francesa e musa de Godard: Anna Karina morre aos 79 anos

Trabalhou com Rivette, Varda, Visconti e Fassbinder, cantou, escreveu livros e ficou para sempre ligada a Godard e ao arranque da Nova Vaga do cinema francês. Morreu este fim-de-semana em Paris, de doença oncológica. Tinha 79 anos.

Dois tweets, do ministro francês da cultura, Franck Riester, e do agente da atriz, Laurent Balandras, confirmaram a notícia.

Nasceu Hanne Karin Bayer, na cidade de Solbjerg, na Dinamarca, a 22 de setembro de 1940. Fugiu de casa e de uma família desfeita, aos 17. Foi à boleia até Paris, fez alguns trabalhos como modelo. Coco Chanel ter-lhe-á dito para mudar o nome. Renasceu como Anna Karina.

A outra grande mudança na vida dela surge quando Godard a vê num anúncio. Na altura ainda era apenas um crítico de cinema nos Cahiers du Cinema. Convida-a para aparecer na sua primeira longa-metragem, que viria a ser "À bout de souffle". Ela recusa a nudez que ele lhe propõe e a estreia fica adiada para "Le Petit Soldat". Rodado em 1960, a temática da guerra colonial dos franceses na Argélia vale-lhe problemas com a censura e só chega aos ecrãs três anos depois.

Em 1961, "Une femme est une femme" dá-lhe o prémio de melhor atriz no festival de Berlim e o arranque definitivo na carreira como atriz. Ao mesmo tempo, casa com o realizador. Seria Madame Godard até ao divórcio, em 1965.

Continua a ganhar o seu lugar na história ao marcar presença na rutura que se regista no cinema francês, naquilo que se convencionaria chamar de "Nouvelle Vague". Com Agnés Varda faz "Cléo de 5 à 7" (1962) e com Godard trabalha em mais quatro filmes: "Vivre Sa Vie" (1962), "Bande à part" (1964), "Alphaville" e "Pierrot le fou" (1965).

Ainda em 1965 trabalha com Jacques Rivette, em "La religieuse", em 1967 com Luchino Visconti, em "Lo straniero", dois anos depois com Volker Schlöndorff, em "Michael Kohlhaas - Der Rebell".

Em 1973 decidiu experimentar a realização com o drama "Vivre Ensemble", que também protagonizou. Foi neste duplo papel que apareceu pela última vez no ecrã, em 2008, com o musical "Victoria".