Publicado em 12 Out. 2017 às 11:30, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Indústria cinematográfica, Cinema Norte-Americano, Bastidores)
A publicação de um artigo sobre alegados casos de assédio envolvendo um dos homens mais poderosos de Hollywood, levou a que um número considerável de mulheres tornasse públicos os avanços e comportamentos do fundador da Miramax.
A 5 de outubro, o The New York Times publica um artigo onde afirma que Harvey Weinstein terá pago para silenciar oito mulheres que se queixavam de assédio sexual.
Num primeiro momento, Weinstein pede desculpa e garante ter contratado ajuda psicológica para melhorar o seu comportamento junto das mulheres. Justifica-se por ter "crescido e vivido durante os anos 60 e 70, quando os hábitos no local de trabalho eram diferentes". Numa segunda fase, um dos seus advogados protesta a veracidade dos relatos publicados e ameaça com um processo em tribunal.
Nos dias seguintes, termina o silêncio que terá durado 30 anos. A imprensa entra em frenesim e os relatos de assédio sucedem-se, enquanto atores, realizadores e colegas de profissão se desfazem em justificações e condenam os atos.
A 8 de outubro, Harvey é despedido da empresa que ele próprio criou, a The Weinstein Co.
Dois dias depois, Georgina Chapman, casada com Harvey há 10 anos, declara à People que vai separar-se do marido.
Após ter sido expulso da academia britânica, a 12 de outubro é a vez da academia norte-americana anunciar uma reunião de emergência para avaliar a situação.
Ao longo dos anos, a Miramax e a The Weinstein Co. receberam um total de 81 Oscars, de acordo com a BBC.
Emily Nestor disse ao The New York Times que, em 2014, quando tinha um emprego temporário, foi-lhe dado a entender que a sua carreira poderia progredir se aceitasse os avanços de Weinstein.
Asia Argento, atriz italiana, alega que Weinstein a violou quando tinha 21 anos.
Lucia Evans, aspirante a atriz, foi alvo de avanços sexuais num clube em Nova Iorque, em 2004.
Gwyneth Paltrow, afirma ter sido forçada a atos sexuais aos 22 anos, perto da altura em que foi protagonista do filme "Emma". Confessou o sucedido ao namorado, Brad Pitt, que confrontou o produtor. Weinstein disse-lhes para manterem silêncio.
No final dos anos 90, Angelina Jolie viu-se sozinha num quarto de hotel com Weinstein. Rejeitou os avanços. Não voltou a trabalhar com Weinstein e aconselha toda a gente a não o fazer.
Outra atriz, que preferiu o anonimato, alega ter sido violada pelo criador da Miramax, relata o The New Yorker.
Em 1995, durante o festival de Toronto, a atriz Mira Sorvino alega ter fugido de Weinstein numa situação constrangedora.
Rosanna Arquette afirma que a sua carreira sofreu por não ter querido ter relações com o produtor de "Pulp Fiction".
Ambra Battilana Gutierrez, modelo, alega ter sido apalpada e vítima de uma tentativa de violação quanto tinha 22 anos. O The New Yorker publicou o audio de uma gravação feita por Gutierrez para a polícia de Nova Iorque.
A neozelandesa Zoe Brock, modelo e escritora, afirma no seu blogue que teve de fugir de Weinstein durante o festival de Cannes.
Katherine Kendall, atriz, relata uma situação semelhante ao The New York Times. Na altura tinha 23 anos.
Tomi-Ann Roberts, foi atraída para uma suposta audição quanto tinha 20 anos e trabalhava num restaurante. Na casa de banho de um hotel, Weinstein ter-lhe-á pedido para se despir. Ela recusou.
Ao The New York Times, Ashley Judd diz que aos 20 anos Weinstein lhe perguntou se podia massajá-la e vê-lo a tomar duche.
A atriz francesa Emma De Caunes conheceu o produtor numa festa em Cannes, em 2010. Afirma que um convite para um almoço de trabalho revelou ser uma tentativa de obter favores sexuais.
Romola Garai, atriz britânica, tinha 18 quando se viu perante um destes encontros preparados por Weinstein e confessou ao The Guardian ter-se sentido "violada".
No seu Instagram, Clara Delevigne confessa que Harvey a assediou e tentou convencê-la a beijar outra mulher.
Dawn Dunning, aos 24 anos estudava design e servia a mesas em Nova Iorque. Ficou de tal maneira chocada com os convites sexuais de Weinstein que abandonou a ideia de se tornar atriz.
Rose McGowan, terá chegado a acordo com Weinstein que pagou o seu silêncio após uma situação de assédio.
Lauren Sivan, antiga jornalista da Fox News alega que Weinstein a encurralou num restaurante e terá executado atos indecentes na sua presença.
Liza Campbell, escritora e artista. Outra alegada vítima de assédio, desta vez numa casa de banho num hotel em Londres.
Léa Seydoux, atriz vencedora de uma Palma de Ouro em Cannes, acusa Weinstein de ter tentado agarrá-la e beijá-la nos lábios após um desfile de moda em Paris.
Nasceu em 1952 e é natural do bairro de Queens, em Nova Iorque. Com o irmão Bob, começou por organizar concertos. Os lucros dessa atividade serviram para financiar a pequena empresa de distribuição de cinema independente chamada Miramax, designação criada pela justaposição dos nomes dos pais, Miriam e Max.
O primeiro grande sucesso da empresa foi "Sexo, Mentiras e Vídeo", de Steven Soderbergh, em 1989. Seguiram-se "O Cozinheiro, o Ladrão, a Sua Mulher e o Amante Dela", de Peter Greenaway, "Jogo de Lágrimas", de Neil Jordan, e "Pulp Fiction".
A fama da Miramax como vencedora de Oscars começou com "O Paciente Inglês", em 1997, e continuou com "O Bom Rebelde" e "A Paixão de Shakespeare".
Em 2005, Bob e Harvey venderam a Miramax à Disney. Pouco depois, abriam a The Weinstein Co.
Harvey Weinstein é apoiante do Partido Democrata e contribuiu financeiramente para as campanhas de Barack Obama e Hillary Clinton. Malia Obama, a filha mais velha do ex-presidente, esteve recentemente a estagiar na empresa dos Weinstein.